Crítica

Ouvimos: Steve Lieberman – The Gangsta Rabbi, “The Duke of the Militia (43/81) Opus 180”

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Você provavelmente nunca ouviu falar de Steve Lieberman. Mas esse músico nova-iorquino nascido em 1958, com jeitão de outsider, já lançou mais de oitenta discos e entrou para o Guinness Book com a canção mais longa já registrada.. É a peça The Noise Militia (#38/76), que dura 35 horas, 41 minutos e nove segundos, e foi lançada em 2020 num período especialmente triste da vida do artista – ele, que já havia se tornado viúvo em 2019, viu sua filha ser vitimada pela covid-19.

Nessa época, deprimido por causa das perdas, Lieberman passava o dia inteiro compondo e tocando (“é como se eu não me sentisse bem, mas meu deus me dá forças para fazer isso”, contou ao Herald Community Newspapers). Pouco depois de The Noise Militia, ele chegou a escrever uma outra música maior ainda: foi The Post-Militia Pogo-Battalion (#39/77), de 2022, que foi submetida também ao Guinness, mas não ganhou recorde nenhum.

Judeu praticante (enfim, ele se denomina “rabino gangsta”), ele toca vários instrumentos, incluindo aí desde teclados, baixo, bateria e guitarra até trombone, flauta, violino, clarinete, saxofone etc. Em seus primeiros shows solo, ainda na década de 1980, ele subia sozinho no palco, tocando baixo e usando uma drum machine. Logo depois, começou a gravar discos em casa, e a lançá-los em fita K7 – posteriormente, fez lançamentos em CD e em plataformas como Soundcloud.

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E como você pode imaginar, no caso de um artista que produz compulsivamente, Lieberman continua lançando álbuns um atrás do outro nessa era de álbuns digitais. Em dezembro de 2024 foi a vez de Meet the Gangsta Rabbi (44/82) Opus 166. Dessa vez, sai The Duke Of The Militia (43/81) Opus 180, que se bobear, será seguido por outros álbuns lançados ainda em 2024.

Mas e aí? Bom, se você curte sons tremendamente experimentais, como Damião Experiença, Daniel Johnston e o Metal machine music, de Lou Reed (1975), bateu na porta certa. No novo álbum, Steve basicamente transforma vários instrumentos e ruídos de campo (incluídos aí latidos de cachorro, tapes e vozes ao fundo) em uma onda sonora bizarra e ensurdecedora. É o caso de faixas como Dogpark, que tem até um sax no estilo free jazz noise, e We approach 1974, que parece uma mistura extremamente destruidora de The Fall, Ministry e Fad Gagdet.

As faixas de Lieberman no novo álbum duram tipo seis, sete, oito minutos. Aí depois tem Overture to cheap japanese bass – Militia Klezmer Entr’acte 177, de doze minutos: uma marcha judaica com barulho, instrumentos de sopro, mais barulho e, no final, uma segunda parte com saxofone e bateria eletrônica. No disco, é o mais próximo de uma noção de “música” – ainda que bem incomum, já que o som parece uma banda podre da música eletrônica, tipo Fad Gadget, Residents ou Kylie Minoise, só que produzida por Rogério Duprat.

The Duke of The Militia tem ainda Resistance against the hate, um Metal machine music em que a única certeza é que há alguém tocando e cantando, e The school bull, um som punk, podre e industrial. Se for ouvir de fones, cuidado (estou falando sério!) com o volume.

Nota: 7
Gravadora: Bad’lan USA
Lançamento: 28 de janeiro de 2025

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