Crítica
Ouvimos: Josyara, “Avia”
Quarto álbum de Josyara (um deles, Estreite, de 2020, foi gravado ao lado de Giovanni Cidreira), Avia abre em clima latino, sambista e moderninho, com a afirmativa Eu gosto assim, prossegue com o clima cigano de Seiva, e tangencia a MPB de Gonzaguinha, Joanna e Maria Bethânia na derramada Festa nada a ver – na qual a narradora é abandonada numa festa chata e responde ao pé na bunda simplesmente deixando a pessoa ir.
Josyara chega a Avia com conceito e cara própria, abordando temas como liberdade, sofrência, feminismo e crises pessoais de maneira peculiar, e destacando seu violão ao lado de sua voz. Como tem sido comum na MPB atual, Avia é um disco curto e completo, que parte para o som cigano e nordestino na releitura de Ensacado, de Cátia de França (com Pitty), para a MPB orquestral e com acento reggae em Corredeira, e para um choro orquestrado e letrado, em parceria com Pitty, Sobre nós – que lembra a fase CBS de Elba Ramalho e Fagner. Por acaso, a capa do álbum lembra o estilo dos LPs da RCA brasileira nos anos 1970/1980, sob um viés mais moderno.
No trio final de faixas, a balada dream pop Prova de amor, o rock nordestino Peixe coração (com cordas belíssimas e ritmadas), e Oasis (A duna e o vento), com participação de Chico Chico, evocando Baby Consuelo e Novos Baianos.
Nota: 8
Gravadora: Deck
Lançamento: 11 de abril de 2025.
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