Crítica
Ouvimos: Disciples of Desire, “The golden age”
Direto de Paris, o Disciples of Desire — projeto do músico Julien Dubois — oferece uma leitura indie e ambient para gêneros como hi-NRG, ítalo-house e até disco music. Em seu segundo álbum, The golden age, o DOD aposta em faixas instrumentais que soam como trilhas sonoras prontas para ganhar espaço em filmes, séries ou vinhetas de TV.
Logo na abertura com 84 carrera, a sensação é a de ouvir um tema de seriado remixado para as pistas. Late night rush, com seus teclados quase hipnóticos, lembra aquele tipo de vinheta oitentista que surgia como prefixo de telejornal noturno. Faixas como Forever elated, You can make it all back e a própria The golden age seguem essa linha nostálgica e contemplativa — uma espécie de vaporwave refinado, que evoca memórias tecnológicas com um pé na melancolia e outro na pista de dança.
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A partir de Don’t play for safety, o disco entra em uma vibe levemente mais sombria. Heart has no master soa como uma demo perdida de house music dos anos 1980, feita sob medida para alguém colocar voz e letra depois — inclusive com ruídos que parecem ecos vocais ao fundo. Mirrors começa no clima robótico e espacial do Kraftwerk, mas logo se entrega a uma jornada dançante e ambient. Já Lowkey vibe funciona quase como uma trilha sonora para eventos ou passarelas urbanas. Tem ainda a curiosa No after party, que parece saída direto de um soft porn dos anos 1980 — eletrônico, levemente sexy e cheirando a histórias de sexo e poder.
Nota: 7,5
Gravadora: Body Music Club
Lançamento: 14 de fevereiro de 2025