Crítica

Ouvimos: Cloud Nothings, “Final summer”

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  • Final summer é o oitavo disco da banda norte-americana Cloud Nothings, liderada pelo cantor e compositor Dylan Baldi (guitarra) e hoje formada também pelo baterista Jayson Gerycz e pelo baixista Chris Brown. É o primeiro disco da banda pelo selo Pure Noise, tem produção de Jeff Zeigler e mixagem de Sarah Tudzin (Illuminatti Hooties).
  • A foto da capa do álbum foi tirada pelo próprio Baldi, quando a banda fez show em Wollongong, durante a turnê australiana do ano passado.
  • “O disco é sobre crescimento pessoal, aceitar envelhecer em um mundo onde nem todos envelhecem e ser capaz de encontrar seu próprio lugar no mundo, de ter poder em tempos difíceis”, contou Baldi a New Noise Magazine.

O oitavo disco do Cloud Nothings é curto (29 minutos), direto, enraizado no punk e (vá lá) no emo. Mas o lado mais experimental do trabalho de Dylan Baldi – o líder do grupo, que tem até um projeto paralelo de jazz – abre o álbum novo. Entre guitarras e refrãos fáceis de aprender, surge um lado meio ambient, levado adiante por sintetizadores, na abertura da faixa-título. Já Daggers of light, na sequência, é punk triste dos melhores, com porradas emocionais na letra (“eu estava à beira de outra vida” é o verso que encerra a faixa).

É esse lado punk cabisbaixo, do tipo que dá pra imaginar fãs chorando e cantando, e os músicos pulando no refrão, o que mais dá a letra em Final summer, um álbum repleto de despedidas e expectativas, frustradas ou não. A berrada I’d get along, por exemplo, tem letra formada apenas pelos versos “se algo acontecesse comigo, eu me daria bem”. Mouse policy, quase um Foo Fighters muito pesado, enxerga a competição corporativa pelos olhos do abusador (“você é meu novo inimigo hoje/só por existir no meu espaço”). The golden halo mistura bases pesadas e intermitentes, um riff lembrando Buzzcocks e uma letra simples, de cinco versos – como um recado de Dylan para ele próprio (“se o sol se apagasse hoje/o mundo continuaria o mesmo/você não é o halo dourado”).

Fãs de grupos como Replacements, Hüsker Dü e Sugar (além de Bob Mould solo) vão encontrar boa diversão em Final summer. Especialmente em músicas como I’d get along, Silence, Running through the campus (um conto de isolamento e assombro na universidade), e no hino do fim do abuso, Thank me for playing, uma das faixas mais ágeis do disco. Final summer fecha com a busca de verdades pessoais no quase power pop Common mistake (“escolha sua vida/eles flutuam ao seu lado/e em seu ouvido guiam você”), num clima repleto de emoções misturadas, como o amanhecer (ou entardecer) da capa do disco.

Nota: 8
Gravadora: Pure Noise.

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