Cinema

Lembra da versão Motown de “O Mágico de Oz”?

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A Motown já teve um braço de cinema e televisão, a Motown Productions. A empresa ocomeçou no fim dos anos 1960, fez especiais de TV de nomes como Diana Ross e Temptations, e também se responsabilizou por filmes como Lady sings the blues (1972), cinebiografia de Billie Holiday com Diana Ross no papel principal. Entre idas e vindas, a empresa vem funcionando desde 1992 como De Passe Entertainment e durante um belo tempo, passou a se dedicar maais à produção para TV. Se você se recorda da série The Jacksons: An american dream, de 1992 (e que passou inclusive na Globo) era coisa deles.

E olha só o que andou fazendo aniversário nos últimos dias: O mágico inesquecível, a versão Motown de O mágico de Oz, dirigido por Sidney Lumet, com nada menos que Diana Ross como Dorothy, Michael Jackson como Espantalho, Nipsey Russell como Homem de Lata, Ted Ross como o Leão e Richard Pryor como o Mago. Um filme que já passou diversas vezes na televisão e que geralmente é tido como um grande abacaxi (tá longe de ser isso e tem um texto bem legal, em inglês, que explica a importância do filme para o público afro-americano, em detalhes).

The Wiz, nome original, estreou em 24 de outubro de 1978 e foi a estreia de Michael Jackson no cinema. Aliás tem mais dois apostos que geralmente são colocados ao lado do nome do filme: 1) ele é considerado como sendo o final da onda de blaxploitation; 2) é tido como grande fracasso que enterrou quase 100% das ambições da Motown de fazer cinema (embora a empresa ainda tenha feito outras produções no decorrer dos anos seguintes).

A ideia era bem bacana e funcionava bem na telona: levar a história do Mágico de Oz para o cinema, com elenco afro-americano. A Dorothy de Diana Ross, se você nunca assistiu ao filme (toma vergonha nessa cara!), era uma professora do Harlem, que ia parar na Terra dos Sonhos e encontrava com os futuros colegas de caminhada. Não era a primeira vez que alguém fazia algo parecido, já que o Mágico de Oz já tinha surgido em 1974 na Broadway com elenco afro-americano, com direito a Luther Vandross cantando alguns temas. Everybody rejoice está tanto no filme quanto no musical da Broadway, por exemplo.

Apesar de Diana Ross ter a maior moral na Motown, incrivelmente ela não era a primeira opção de Berry Gordy, dono da empresa, para o filme. Stephanie Mills, que fez o papel de Dorothy no musical, era quem Berry queria em The wiz. Diana pediu para fazer o papel e Gordy recusou, dizendo que queria uma garota mais nova. A cantora brigou até o fim e foi procurar a Universal Pictures dizendo que produziria o filme.

O filme não teve uma elaboração tranquila. A entrada de Diana definiu até uma mudança de diretor: John Badham, que fez Os embalos de sábado à noite, caiu fora por não acreditar nela como Dorothy. Deu lugar a Sidney Lumet. Pior ainda: a entrada de Michael Jackson não foi das mais tranquilas. Ninguém (nem mesmo Quincy Jones, supervisor do filme) botafa fé em Michael como ator. Ainda por cima, MJ tinha saído da Motown  e sido contratado pela Columbia. Mas não como artista solo: na época, Michael ainda estava no Jackson 5, iniciaria uma turnê com o grupo, não tinha uma carreira solo pela frente e ainda era acompanhado de perto pelo pai. Que só para variar, também não gostava do projeto e achava que o andamento das filmagens prejudicaria o novo contrato da banda.

No fim das contas, o “gastar pouco e ganhar muito” passou longe do filme: The wiz gastou US$ 24 milhões e rendeu US$ 13,6 milhões, o que aumentou a luz vermelha do racismo no mercado (e causou o fim da onda black no cinema por alguns anos). Lamentável, porque o filme marcou várias infâncias e várias vidas. E rendeu a Michael Jackson o prêmio de melhor ator no Image Awards, dedicado a artistas negros. Se você nunca viu, tem no YouTube para aluguel ou compra. Divirta-se.

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