Crítica
Ouvimos: Madonna – “Veronica Electronica”
RESENHA: Veronica Electronica traz remixes do álbum Ray of light (1998), de Madonna – com altos e baixos, uma demo inédita e versões que dividem fãs quase 30 anos depois.
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Dando uma olhada breve por aí, dá para perceber que nem todo mundo ficou satisfeito com Veronica Electronica, disco de remixes do álbum Ray of light (1998) que era para ter saído como uma espécie de CD companion dele, meses depois – mas acabou saindo oficialmente só agora, em 2025.
Na revista Elle, Guilherme Guedes demonstra animação, mas revela que boa parte do disco já circulava por aí, ainda que em versões um pouco diferentes. O Pitchfork lembra que a origem do álbum remonta a um alter ego que Madonna criou durante a gravação de Ray of light, e que em vez de escarafunchar no baú de remixes pouco ortodoxos do disco, Madonna e sua equipe prefeririam focar nos remixes apresentados pela própria cantora na festa de segundo ano da boate Liquid, em Miami, no Dia de Ação de Graças de 1997.
Musicalmente, o grande valor de Veronica Eletronica é mostrar o quanto o repertório de Ray of light funciona bastante quase três décadas depois de seu lançamento. É um disco de Madonna, por acaso, que mobiliza fãs de todos os estilos musicais, e que costuma invadir a “bolha” roqueira, por causa de sua ligação com a psicodelia.
Gone gone gone, demo inédita do disco, uma curiosa pérola dance de meditação e desapego, acaba sendo o mais indispensável da seleção. As outras sete faixas, que remixam os singles do disco (além da não-single Skin) são um mimo legalzinho para fãs antigos. Ou nem tanto: Drowned world/Substitute for love aberta com bumbo bate-estaca… bom, talvez não precisasse (ok, remixes dessa faixa já apareciam em festas fazia tempo).
Ray of light – Sasha Twilo mix edit aparece com cara de hit e é o melhor remix do álbum. Frozen – Widescreen mix and drums mantém intacta a beleza quase cinematográfica do original – se você ficava indignado/indignada com o péssimo gosto dos remixes que volta e meia apareciam por aí dessa música, pode se tranquilizar porque nenhuma atrocidade foi cometida dessa vez.
Já Nothing really matters – Club 69 Speed Mix Meets the Dub me deu a impressão de um carro com som nas alturas passando na rua de madrugada, e não necessariamente de um clube lotado. Enfim, remix é assim mesmo: há o que funciona, o que não funciona, o que você só vai perceber se funciona de verdade numa festa, e vai por aí. No caso de Veronica Eletronica, nada diferente disso.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 6,5
Gravadora: Maverick/Warner/Rhino
Lançamento: 25 de julho de 2025
- A fase 1992-1994 de Madonna no podcast do Pop Fantasma