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LabSonica, Oi Futuro e etnohaus lançam EPs de bandas formadas em projeto

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Ao longo de dois meses, 20 músicos de diferentes estilos e estados brasileiros participaram da primeira edição do Tocar – Residências musicais, um laboratório de fusões culturais para artistas independentes. Os encontros aconteceram no LabSonica, laboratório de experimentação sonora e musical do Oi Futuro, no Rio de Janeiro, e fomentaram a pesquisa e a criação de oito faixas colaborativas que serão lançadas entre julho e agosto nas principais plataformas de áudio, e em setembro como o disco Tocar vol. 1.

Idealizado pela etnohaus (selo e coletivo de Arte Produção que se dedica a projetos culturais) e selecionado pelo Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados, através da Lei de Incentivo da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC – RJ), o Tocar – Residências Musicais contou com a curadoria da etnohaus, Arena Carioca Dicró, Oi Futuro e do produtor convidado Jorge LZ. Por intermédio de uma chamada pública, foram selecionados dezesseis trabalhos residentes, entre artistas solo e bandas que, divididos em quatro grupos, produziram, compuseram e gravaram, conjuntamente, duas faixas cada.

“Estamos felizes em ver o LabSonica ocupado e explorando outras possibilidades de atuação coletiva no som e na música, tendo como resultado faixas inéditas e autorais de novos artistas brasileiros”, comenta Luciana de Adão, coordenadora de Patrocínios Culturais Incentivados do Oi Futuro.

Os grupos Afluentes, Tropical Urbano, Cem notas e A feira, contam respectivamente com a participação dos seguintes artistas: Barbeize, Insandessa, Laura Conceição e Tyaro; Ajani, Jessica Ayo, Fruição Funkeira e Sweet Jazz; Jonas Hocherman, Suyá Synergy, Mbé (aka de Luan Correia) e Morgana; Luisa Lacerda, Renato Frazão, Kalebe e Vitória Rodrigues. Todos os singles serão lançados nas principais plataformas de áudio nas quartas-feiras, dias 26 de julho, 2, 16 e 30 de agosto e 13 de setembro, e poderão ser acessados através deste link.

AFLUENTES: Formado pelo encontro entre Barbeize, baterista e produtor; Insandessa, cantautora, produtora e multi instrumentista; Laura Conceição, poeta e cantora e Tyaro, multiartista, o grupo identificou como elementos comuns, em seu processo criativo, suas diferentes origens – Brasília, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Pernambuco – e referências artísticas culturais, que, como afluentes, correm para um rio e desaguam no mar da cidade, nem sempre calmo e acolhedor, mas sempre múltiplo e sonoro. Foi do encontro dessas águas que nasceram as composições Um passo à frente, unindo saberes, sotaques e ritmos, percorrendo atmosferas eletro orgânicas e Chega no rio, trazendo a natureza como inspiração da vida e a música como corrente de partida e chegada dessa cosmovisão. A principal referência das faixas é o movimento manguebeat, bem como bandas que unem essa essência multicultural e etnopop, como BaianaSystem e Bomba Estéreo.

TROPICAL URBANOS: Explorando gêneros musicais da diáspora negra mundial, do Afrobeat ao Soul, no balanço delicioso do Funk, Rap, Drill, os Tropical Urbanos marcaram a residência com letras e melodias envolventes, para falar de amor, da cidade e seus ruídos. Bad do amor e A cidade são sem dúvidas hits dessa produção coletiva. Caminhando por sentimentos íntimos e compartilhados por muitos de nós, as canções se caracterizam pelos diálogos traçados no dueto de vozes de Ajani e Jessica Ayo, os arranjos musicais da banda SweetJazz e os timbres e beats do produtor Fruição Funkeira. Em Bad do amor, os personagens, pelo telefone, expõem sua relação em meio aos ruídos urbanos que interferem no modo como enxergam e vivem esse affair. Já em A cidade, a conversa é um desabafo sobre a luta para se tornar um corpo visível, na dualidade de atravessar e ser atravessado pela cidade. Uma narrativa romântica, entre o amor e o desamor, delineando uma cartografia emocional, musical e poética da juventude negra carioca.

CEM NOTAS: Músicos diversos e a provocação para abraçar o inédito, o manifesto, a singularidade de um momento. Foi na força do acaso, do não-planejado, da experimentação não guiada entre quatro cabeças pensantes que Jonas Hocherman (trombonista e arranjador), Suyá Synergy (guitarrista), Mbé, aka de Luan Correia (produtor/ pesquisador/beatmaker), e Morgana (produtora, vocalista de suas próprias letras e criações) enfrentaram os desafios de composição coletiva propostos pelo TOCAR. O grupo Cem Notas enveredou por um caminho experimental de composição ao vivo, começando pela gravação de uma jam de improviso, e em seguida se debruçou para encontrar o material que os estimulariam a criar suas composições. Ouviram, analisaram, recortaram trechos e iniciaram o rascunho de letras, riffs, batidas, resultando em Chronos la opera, faixa que se aproxima da arte sonora, em longos minutos de experimentalismo, ruídos, ambiências, invocando uma audição lenta, atenta, em um tempo fora do tempo. Esta faixa contou com a bateria envenenada de Barbeize. E o reggae Sem notas, com letra reflexiva e um tanto filosófica de Morgana, linhas de baixo e sopros feitas pela tuba e trombone de Jonas, direção e guitarras com toque psicodélicos de Suyá e bateria/produção rítmica de Mbé.

A FEIRA: Quatro cantores, letristas e instrumentistas, Luisa Lacerda, Renato Frazão, Kalebe e Vitória Rodrigues, logo no primeiro encontro, escolheram a Feira como temática para o trabalho. Com as antenas artísticas ativadas, a primeira inspiração foram os cantos e pregões de seu Moisés (ou Altair, seu nome real), vendedor de frutas ali dos arredores do estúdio Labsonica. As músicas Filó na feira e Vinte por dez foram inspiradas nos cocos e emboladas das feiras nordestinas, na alegria e no humor do povo brasileiro, mas também na dureza e no enfrentamento da vida, na dificuldade e no trabalho. Para além das diferenças de origem, bagagem e trajetória, não foi difícil perceber afinidades e naturalmente dividir os trabalhos de acordo com as aptidões de cada um. Assim, letra, melodia e arranjo foram surgindo de um jeito fácil e espontâneo. Houve, é claro, desafios no caminho. Todos em algum momento deixaram sua zona de conforto, mas sem abrir mão de sua individualidade como criador. Respeito e acolhimento foram a guia do trabalho e da convivência. Para além das fronteiras do grupo, ter a colaboração e participação de artistas dos outros grupos e da “família” Etnohaus, enriqueceu e coloriu nossa feira. Afinal, falamos todos a mesma língua, a língua música.

Serviço:
Lançamento dos EPs do Tocar (links dos EPs aqui).
Afluentes (26 de julho – ouça acima)
Tropical Urbano (2 de agosto)
Cem Notas (16 de agosto)
A Feira (30 de agosto)
Álbum Tocar vol.1 (13 de setembro)
Foto: Divulgação

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