Crítica
Ouvimos: Infinity Broke – “This masthead”
RESENHA: Direto da Austrália, o Infinity Broke funde rock industrial, grunge, stoner, jazz e noise em This masthead, criando atmosferas sombrias e percussivas com alma experimental.
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Para a banda australiana Infinity Broke, tudo é uma bateria ou uma percussão – até mesmo vozes, guitarras e a própria arquitetura sonora de sua música. This masthead, quarto álbum do grupo, pode ser definido tranquilamente como “rock industrial”, mas o grupo prefere escapar de definições (e basicamente eles afirmam que fazem “rock de vanguarda hipnótico com dentes”).
Acrescentando doses de grunge, metal anos 1990 e até jazz experimental a seu som, o Infinity Broke junta metal alternativo, krautrock e pós-punk em Abject object (com vocais distorcidos voando pelos dois canais e um sax maluco no fim). Também mescla jazz infernal e noise rock em On hold, mas a curiosidade são os vocais do cantor e guitarrista Jamie Hutchings, mais achegados do hard rock clássico – a ponto de transformarem a música num grunge torto.
This masthead tem uma vinheta que surge rangendo (Yellow sword), metal progressivo tenso e com emanações dos Swans (Five storeys down), ruído mântrico (Population of one), e um quase no wave (Scum Valley 86). A longa Snowdome on dreams, por sua vez, traz um som arrastado, entre o stoner e o pós-punk, que corre lento como o rio negro do qual fala a letra. O design musical dessa faixa é engordado por microfonias, por palmas que surgem de repente – e soam como tiros ritmados – e pela transformação do som numa massa percussiva e metálica.
Aliás, o Infinity Broke tem um lado forte ligado ao rock clássico – já perceptível, você leu lá em cima, por causa do vocalista. Mas eles ainda soltam um hard rock de ascendência folk (I’m in my prime) e um blues-rock misterioso com ótimas slide guitars (A thousand windows). Ainda que o principal ali seja a criação de atmosferas sombrias.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Love As Fiction Records
Lançamento: 4 de abril de 2025.