Crítica

Ouvimos: Glare – “Sunset funeral”

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RESENHA: Glare estreia com Sunset funeral, disco que mistura metal, shoegaze e pós-punk num clima sombrio, denso e às vezes surpreendentemente pop.

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Conheci o Glare faz bastante tempo, quando tinha um programa de rock no rádio – e Sunset funeral, primeiro álbum, demorou tempo suficiente para que eu chegasse a pensar: “Ué, mas é a mesma banda?”. Ouvindo o disco, fica claro que se trata do mesmo grupo, com uma receita musical mais azeitada e uma proposta interessante: unir metal, shoegaze e pós-punk deprê na cola do The Cure do disco Disintegration (1989).

Sunset funeral mostra esses texanos tendo até uma certa manha pop, mesmo que o som seja pesado, meditabundo e enevoado, como em Mourning haze, Kiss the sun e Chlorinehouse. Já 2 soon 2 tell, distorcidíssima, lenra, ruidosa, está mais para My Bloody Valentine do que para The Cure. A curiosa Saudade é mais relaxada e, vai entender, tem algo bem disfarçado que parece vir de Sweet child o’mine, do Guns N Roses.

A vinheta Felt divide o disco numa segunda parte marcada por uma energia quase grunge em alguns momentos – mesmo que tudo se adeque ao receituário das faixas anteriores. Nü burn é a mais representativa delas – e Turquoise dreams, ainda que embarque no shoegaze, é conduzida por uma batida análoga a de When the levee breaks, do Led Zeppelin. Tons grungegaze dominam Guts e Sungrave, e Different hue, no encerramento, é quase uma balada em comparação com o restante do álbum.

A capa de Sunset funeral não mente: o Glare trabalha com tons em que você não sabe se o sol está a pino ou se vem chuva. Aliás, mesmo que “o funeral da tarde” seja garantido pelo título, a imagem talvez represente um amanhecer bem estranho, poeirento e desértico, que também está no som deles.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Deathwish Inc./Sunday Drive
Lançamento: 4 de abril de 2025

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