Cinema
Jogaram o importantíssimo filme Cassette – A Documentary Mixtape na internet
Dirigido por Zack Taylor com as colaborações de Seth Smoot e Georg Petzold, Cassette – A documentary mixtape é um documentário de 2016, premiado, que mostra como as fitas K7 foram voltand… Não, na verdade ele mostra bem como as fitinhas nunca foram embora, ainda que muita gente possa considerá-las como algo meio obsoleto e até de qualidade de som ruim. Logo no comecinho, a escritora Anna Jane Grossman, autora do livro Obsolete: An encyclopedia of once-common things passing us by, diz que resolver a questão sobre o que é ou não obsoleto é algo complicado. E que geralmente o obsoleto surge quando aparece algo com mais qualidade.
Bom, aí surge ninguém menos que Lou Ottens, o inventor da fitinha cassete, aos 80 e poucos anos, como um dos entrevistados do documentário. Lou é um dos entrevistados do documentário, mostra sua casa (onde cuida do jardim e anda com passos largos), apresenta uma memorabília bem legal da época de quando trabalhava na Philips e desenvolveu o K7, e ainda reencontra com antigos amigos do trabalho. Lou espanta-se com o fato de sua invenção nunca ter exatamente saído de moda, mas é um tanto sarcástico quando fala da qualidade de som das fitinhas. “Quando seu tempo acabou, é hora de desaparecer. Não acredito em eternidade”, brinca.
A novidade é que Cassette, até tirarem de lá, está no YouTube (com legendas automáticas). Além de fãs e estudiosos do formato e do próprio criador das fitas, a participação de vários músicos ajuda a entender que, se o CD é de produção cara e os LPs mais ainda, o K7 sempre foi acessível, foi importante tanto para a cultura hip hop quanto para as bandas independentes, e ainda permitiu que pessoas que nunca tocaram um instrumento produzissem seu próprio conteúdo – seja fazendo mixtapes, seja gravando fitas faladas para amigos e parentes.
Nomes como Henry Rollins, Thurston Moore (Sonic Youth), Sarah Bethe Nelson (musicista, cantora e compositora da Califórnia) e Mike Watt (Minutemen) falam disso. O depoimento mais tocante é o de Daniel Johnston, que diz que mal teria iniciado uma carreira na música sem o K7. “Eu estaria num sanatório se não fosse o K7”, diz o cantor e compositor, que sofria de bipolaridade e esquizofrenia, e morreu em 2019.
Tá aí o filme.