Crítica

Ouvimos: Celacanto – “Não tem nada pra ver aqui”

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RESENHA: Celacanto estreia com Não tem nada pra ver aqui, um disco denso e original que mistura pós-punk, MPB, noise rock e Radiohead com sotaque brasileiro.

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Das bandas mais novas do rock brasileiro, os paulistanos do Celacanto foram os que melhor ouviram bandas como Radiohead e Television, e se aproveitaram das influências para criar um som com cara própria. Não tem nada para ver aqui, o álbum de estreia, tem muito do lado sombrio do pós-punk e do noise rock, mas sempre focado em produzir um som que não se feche em guetos.

Tanto que faixas como Quadros, Desamarrado e Vendo demais têm um lado emepebístico forte – a última até soa como se o Radiohead tivesse feito uma música para Gal Costa gravar. Você vai ficar velho, o mundo está ficando velho também fecha o disco com piano e voz, ritmo de maracatu e um clima que lembra as gravações do pianista Vitor Araújo, hoje tocando com Arnaldo Antunes. Vozes superpostas, riffs fortes e uma vibe hipnótica marcam uma das melhores músicas do álbum, É de pano, enquanto a faixa-título soa como um post rock menos desértico.

O Celacanto, em praticamente todo o disco, lembra que nos dias de hoje, nem mesmo festa é sinal de diversão, como na dança triste de Dançando sozinho e na desesperança de Quadros (“a casa caiu / larga o que der aqui / deixa ruir longe / a gente sai junto e foge”). Já Cedo é meio solar e meio introspectiva, tudo junto, e tem uma das letras mais românticas e envolventes do disco. E Meu caminho é a maior curiosidade do disco, uma canção absolutamente lo-fi, feita basicamente sobre uma base melodiosa de efeitos sonoros.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Matraca
Lançamento: 17 de abril de 2025.

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