Crítica
Ouvimos: Yuno – “Blest”
RESENHA: Yuno estreia com Blest, disco que mistura indie pop, soul, reggae e hip hop com vibe de trilha de vídeo de skate e espírito inventivo.
Nascido em Nova York e criado na Flórida, filho de pais jamaicanos que viveram no Reino Unido, Yuno tem uma visão-missão-valores bem curiosa em relação à música: quando está bolando uma canção, ele sempre se pergunta: “o que é preciso para essa música caber num vídeo de skate?” – ele pratica o esporte desde pequeno.
Daí, a resposta a essa provocação é justamente o que guia Blest, seu álbum de estreia.O disco é, em essência, indie pop – mas busca sair da curva o tempo todo. Há ecos da dance music dos anos 1990 na faixa-título, uma mistura de soul, reggae e Led Zeppelin na estradeira We belong (com slide guitar e um violão que remete a Your time is gonna come, do Led), além de soul e rock britânico em Blessed. Em Unfair, o destaque é um soul-rock noventista que abre com uma guitarra que lembra as bases de Pepeu Gomes – e funciona muito bem.
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A característica que marca as boas trilhas de vídeos de skate – variedade, fusão de estilos e uma produção sonora que muitas vezes flerta com o hip hop – aparece com naturalidade nas dez faixas do disco. Tem dream pop com sotaque inglês em Perfect pear e Fall apart, trap em True e Blitz! (que representam os momentos menos interessantes do disco), e uma ótima fusão de emo com hip hop em Worst of times.
Blest é um álbum que parece feito para o movimento – seja o das rodas do skate ou o das ideias que não param de girar na cabeça de Yuno.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Sub Pop
Lançamento: 16 de maio de 2025.