Crítica

Ouvimos: Yeule – “Evangelic girl is a gun”

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RESENHA: Yeule expande seu som em Evangelic girl is a gun: trip hop, grunge e darkwave viram pop distorcido, inventivo e provocador.

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Evangelic girl is a gun, quarto álbum do Yeule, é quase o álbum mais (muito entre aspas) “comercial” do projeto criado pela musicista e produtora Nat Ćmiel. Ou vá lá, depende de sua noção de comercial, já que se trata de um disco, e de um conceito, em que temas como distopia, destruição, desconstrução, sangue e drogas fazem parte do todo.

Em discos anteriores, como Glitch princess (2022), Yeule parecia mais preocupada com a virtualização da personagem – vinda de um universo análogo ao dos videogames, e cuja música parecia um espectro sonoro, inspirado por estilos como dream pop e pelos erros calculados do chamado glitch pop (bugs no som, áudio comprimido, etc).

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A impressão que fica da audição de Evangelic é que a Yeule de hoje é mais real e mais (novamente muito entre aspas) “orgânica”, já que Evangelic parte de uma noção comum de pop, para em seguida distorcê-lo. A sonoridade pode ser definida tranquilamente como trip hop em vários momentos – como na abertura, como Tequila coma. Há também soft rocks de baixa fidelidade em faixas como Eko e VV, e até um grunge misterioso e cheio de falhas sonoras, 1967.

Volta e meia Yeule apresenta aos ouvintes um lado dançante que soa como o pop ou o rock dos anos 1990 – só que tudo gravado após uma fritação geral. Rola isso no rock alternativo de The girl who sold her face e Dudu, no r&b de What3VR e em alguns trechos de faixas. A faixa-título e Saiko são uma espécie de lado quase nu-metal do álbum e Skullcrusher faz o disco caminhar perto da eletrodarkwave – com paredes de guitarras e vocais fantasmagóricos vindo depois.

No geral, Evangelic é bem mais agradável de ouvir e mais inventivo que os discos anteriores de Yeule. Soa como um aceno dela a uma base pop mais reconhecivel – embora no geral, o disco seja uma ótima provocação.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Ninja Tune
Lançamento: 30 de maio de 2025

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