Crítica
Ouvimos: Vinicius Barros – “Cidadela”
RESENHA: Terceiro disco de Vinicius Barros, Cidadela une maracatu, rock e samba em retrato afetuoso de Recife e das contradições das grandes cidades.
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“Cada pessoa na rua é a vida inteira / a professora, a doula, a estrangeira / cada cabeça é um mundo em construção / dentro de um grande universo em expansão”, diz o cantor e compositor pernambucano Vinicius Barros em Cada pessoa, primeira faixa de Cidadela, seu terceiro álbum. Unindo estilos como maracatu, rock, samba de roda e sons africanos, ele faz no disco uma observação afetiva de Recife, aproveitando para olhar para os diversos mundos que habitam não só a capital de Pernambuco, como as cidades grandes brasileiras. O samba nordestino Máquinas trabalhando, que vem na sequência, separa o dia a dia do trabalhador, e a rotina de quem decide como será o dia a dia da classe operária, da periferia.
O som de Cidadela tem peso, em faixas como a tribal Fogo fátuo – que remete a Lenine, Nação Zumbi e até a Sepultura – e na guitarrada + manguebit de Bacamarte Trovão, além do tom afrolatino de Luz negra, cujo ritmo remete ao de Toda menina baiana, de Gilberto Gil. A variedade sonora inclui também o batidão marítimo de Reverb e a alegria introspectiva de Frevo de Inverno, com Zé Manoel. E faz Cidadela encerrar com três faixas que falam em saudade, a valsa nordestina Saudade de casa, a violeira Rua das Flores 305 (que tem algo de Renato Teixeira) e o frevo Calor e saudade, com participação da Orquestra Malassombro – por sinal, um frevo que poderia ter sido composto e gravado nos anos 1960 ou 1970.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 24 de abril de 2025.