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O remake em espanhol de Vale Tudo, da Globo

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Em 14 de abril de 2002, a Folha de S. Paulo noticiava que, pela primeira vez, rolaria um remake de um dos maiores sucessos da Rede Globo: Vale tudo, de Gilberto Braga, levada ao ar em 1988. Mas calma que você não perdeu novela nenhuma. O tal remake seria feito em espanhol, com o nome de Vale todo, e exibido a partir de 17 de junho daquele ano, às 21h, pela Telemundo, braço hispânico da rede norte-americana NBC.

Uma informação interessante para noveleiras e noveleiros é que, da mesma forma que você pode acompanhar toda a novela Vale tudo pela Globoplay, você TAMBÉM pode acompanhar Vale todo, já que alguém com muito tempo livre jogou quase todos os capítulos no YouTube.

O ratatá entre a Globo e a Telemundo incluía a divisão entre as duas emissoras do custo de cada capítulo (a bagatela de 63 mil dólares). Mais a grana da receita de comerciais para a Telemundo e um levado fixo para a Globo a cada ponto de audiência atingido. A novela foi gravada no Rio, caprichou em cenas externas (mas boa parte foi gravada em estúdio mesmo) e os 28 atores – onze mexicanos, cinco cubanos, três venezuelanos, três colombianos, três peruanos, um argentino, uma porto-riquenha e uma uruguaia, segundo a mesma Folha – ficaram todos hospedados aqui, tomando aulas até que os sotaques dessem uma alinhada.

IGUAL, MAS DIFERENTE

Vale todo mudava algumas coisas em relação ao seu original. O tal papo de “vale a pena ser honesto no Brasil?” que dominou a trama de Gilberto Braga entre 1988 e 1989, surgia adaptado para o mundo das comunidades hispânicas.  Ao fim da trama, a pergunta não seria “quem matou Odete Roitman?”, mas sim “quem matou Lucrécia Roitman” – os roteiristas sugeriram a mudança porque Lucrécia era um nome “mais comum”.

A milionária, cujo papel no original de 1988, era de Beatriz Segall, era interpretada pela cubana Zully Montero. Maria de Fátima Accioli (Gloria Pires, no original) ficava com a mexicana Ana Claudia Talancón. Ivan Correa (Antonio Fagundes, em 1988) ia para as mãos do cantor e ator peruano Diego Bertie. Raquel Accioli (Regina Duarte no original, impossível não saber) ficava com a mexicana Itatí Cantoral, a popularíssima filha do compositor de boleros Roberto Cantoral.

Na adaptação, alguns personagens foram redesenhados, outros sumiram. O casal de lésbicas interpretado pelas atrizes Cristina Prochaska e Lala Dehenzelin nem sequer foi cogitado para a adaptação. Uma novidade era a participação de… Antonio Fagundes interpretando o pai de Raquel, Salvador Accioli. Em 1988, esse papel (que durou poucos dias na trama) era de Sebastião Vasconcellos.

O tema de abertura não era, claro, Brasil, com Gal Costa. Aliás a abertura não era nem a mesma. Fizeram aquelas colagens de cenas típicas de aberturas de novelas mexicanas e o tema era uma canção composta com exclusividade: Vale todo, cantada por José Cantoral (por acaso, irmão da intérprete da protagonista).

NÃO DEU, NÃO (CONTÉM SPOILERS)

Vale todo não fez um grande suces… Não, pensando bem, deu foi zebra. A gravação foi reduzida em um terço dos capítulos. A partir do capítulo 30, Walther Negrão entrou para supervisionar e dar mais ação à trama. Os poucos detalhes políticos que ficaram foram cortados. Houve implicância geral com o fato da trama ser passada no Rio, mesmo com todo mundo falando espanhol. A naturalidade com que certos relacionamentos extraconjugais eram encarados causou horror no público. A maneira como Maria de Fátima tratava Raquel, também, já que o público hispânico idolatra a figura da mãe.

Uma curiosidade: em 2011 o Vídeo Show resolveu falar de Vale todo e confrontá-la com Vale tudo, mostrando diferenças e semelhanças. O final da versão hispânica é bem mais na base do o-bem-vence-o-mal: Maria de Fátima vira dançarina de boate, Cesar Ribeiro (Carlos Alberto Ricceli no original, Paulo Quevedo na versão em espanhol) vira garçom da mesma boate em que a malvada dança. Um detalhe curioso é sobre como Odet… digo, Lucrécia Roitman morre. Mas isso você vai ter que ver no vídeo.

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