Cultura Pop
Tudo de Walter Franco numa playlist do YouTube
No comecinho dos anos 1970, Walter Franco (1945-2019) era uma figurinha da mídia, com direito a certo respeito intelectual (afinal, ele tinha vindo do universo da poesia e da música para teatro), mas também com muita curiosidade sobre quais seriam os próximos passos de um compositor que tinha deixado muita gente chocada com uma canção chamada Cabeça.
Apresentada no Festival Internacional da Canção de 1972 (com Walter acompanhado de um sintetizador e dividindo-se entre as várias vozes), a música foi considerada pelo O Jornal como “a maior aberração musical dos últimos tempos” (o crítico de TV Mauro Costa referiu-se a ela assim em sua coluna em 10 de outubro de 1972). E provocou a destituição do júri nacional do FIC, substituído por jurados de vários países. Walter acabou contratado pela Continental, a gravadora que, na época, colocava em estúdio a turma do pop-rock nativo e alguns músicos experimentais.
O primeiro álbum, epônimo, de 1973, que trazia Cabeça, teve duas versões de capa – a primeira, com um desenho do rosto do cantor; a segunda, com uma mosca na frente, um “ou não” (que não era o título do disco) na contracapa, além de vários encartes diferentes. Textos biográficos sobre Walter dão conta de que o disco ficou pouco tempo nas lojas, mas o álbum chegou a ser relançado algumas vezes pela Continental em vinil e até, anos depois, em CD. Cabeça, a música, também tinha saído num single com parte 1 (lado A) e parte 2 (lado B), em 1972, pouco depois do festival. Aliás era uma versão diferente, maior, com vários trechos e os tais ruídos de sintetizador do palco do FIC.
Essa longa introdução foi só para informar que um sujeito juntou tudo que Walter gravou na vida numa playlist enorme do YouTube. A lista de músicas – até que alguma dela saia do ar, enfim – inclui as primeiras gravações dele, que saíram em compacto, como Tema do hospital (era de uma novela da TV Tupi chamada O hospital, de 1971 e dois anos depois foi regravada por ele como No fundo do poço). E a versão original de Me deixe mudo, mais orquestral e com a cara de Rogério Duprat, que costumava trabalhar com Walter nessa época.
E a playlist tá aí.