Crítica
Ouvimos: The Warlocks – “The manic excessive sounds of”
RESENHA: Warlocks explora psicodelia, shoegaze, dream pop e mais em The manic excessive sounds of, mandam bala um caos sonoro que soa como cura auditiva.
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Septeto de Los Angeles, os Warlocks definem esse novo álbum, The manic excessive sounds of, como sendo “verdadeiramente bipolar”. Dois polos é pouco: o décimo-primeiro disco da banda aponta para psicodelia, easy listening apodrecido, shoegaze, dream pop, jangle rock e vibrações que são quase impossíveis de definir – porque convivem lado a lado, às vezes, no mesmo minuto de música.
O nome “Warlocks” tinha sido adotado, em fases iniciais, tanto pelo Grateful Dead quanto pelo Velvet Underground – e notadamente, o grupo liderado por Bobby Hecksher soa como uma mescla das duas bandas, no que diz respeito à atitude e à atmosfera sonora. It’s a fucked up world, canção de mais de oito minutos que abre o disco, tem teclados levantando voo, batida que remete a Neil Young, design psicodélico – e, lá pelas tantas, ganha uma onda que parece unir Pink Floyd e Pavement, com vocais desencontrados e sons perdidos no horizonte.
Essa onda carrega também a espacial The dotted line, com guitarras em tremolo e ambientação enevoada, e a peça psicodélica Don’t blame it on the jam – com vapores indianistas e design próximo da turma de Madchester, a Manchester malucona dos anos 1990. Tem ainda Don’t blame it on the band, uma balada de girl group sombrio que ganha uma batida igual à de Heroin, do Velvet Underground, e depois se torna um rock viajante, robotizado e introspectivo.
Entre uma viagem e outra, os Warlocks dedicam-se a um repertório bastante melódico, no qual cabem beats sessentistas (You can’t lose a broken heart e Stars on sunset – essa última batida na guitarra, em tom baladeiro e estradeiro) e algo próximo do rock britânico dos anos 1980 que se deixava influenciar pela psicodelia e pelos Beatles (We are all lost, A duel between you and I). Nas letras, por sua vez, Bobby parece querer ser mais direto e mais compreendido do que nas melodias, dedicando The manic excessive sounds of “às coisas que importam” e esperando que o disco “nos dê inspiração, munição e esperança para navegar pelo cenário insano dos nossos tempos modernos”. Um barulho que acalma, no fim das contas.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Cleopatra Records
Lançamento: 1 de agosto de 2025.