Artes
The Son Of Satan: Marvel mostrando os chifrinhos nos anos 1970
As respostas à indagação da Time não demorariam a vir: leitores indignados mandaram cartas para a publicação, muita gente reclamou etc. E naquele mesmo abril de 1966 um sujeito chamado Anton LaVey montou a Igreja de Satã. Agora, o bicho pegou mesmo foi quando (vá lá) o coisa-ruim virou mainstream, com produções como O exorcista e O bebê de Rosemary disputando espaço com romances e filmes-catástrofe. Tava estranho pra burro.
E olha aí por onde andava a cabeça de Stan Lee, chefão da Marvel, por volta de 1973. Em setembro daquele ano, estreava um herói bem, digamos, diferente: Daimon Hellstrom, o Filho de Satã.
Stan tinha lançado revistas como The ghost rider e The tomb of Dracula e tinha ficado satisfeito com o (excelente) resultado. Como o clima amalucado da época pedia, o velho homem de quadrinhos encasquetou que Satanás, o próprio, deveria virar herói de HQs.
Stan foi bater um papo com o autor Roy Thomas, que não curtiu a ideia: o colaborador alegou que na história de Drácula, os heróis eram os caçadores do vampiro, e que uma história sobre Satã só teria espaço para o mal, e não para o bem. Stan resolveu o dilema adotando como herói o filho do homem, que seria adversário do pai. Por um tempo, ficou tudo bacana.
O herói estreou na edição 2 de Ghost Rider, passou pela antologia Marvel Spotlight (pau-de-sebo de heróis e histórias publicado de 1971 a 1981 pela empresa). Mesmo com as reclamações de religiosos, a Marvel lustrou a cara de pau e lançou uma revistinha do Son of Satan em 1975.
Olha as cinco primeiras capas aí.
A publicação durou dois anos e oito edições, tempo suficiente para esfriar o entusiasmo com histórias meio bizarras – e as pessoas começarem a estranhar um herói que usava um tridente e tinha um pentagrama invertido no peito. Mesmo que Daimonzinho fosse filho de uma mulher de carne e osso, e tivesse o desejo de confrontar o paizão do mal.
Via Dangerous Minds e Marvel Database.