Crítica

Ouvimos: The Doobie Brothers – “Walk this road”

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RESENHA: Os Doobie Brothers voltam com Walk this road, disco de rock adulto com pitadas de soul e country. Um disco digno e com boas surpresas.

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“Como é que é? Os Doobie Brothers ainda existem?”, você pode estar perguntando. Sim: eles existem ainda e são uma banda de discografia diminuta – em 55 anos de carreira, estão lançando seu décimo-sexto álbum, Walk this road, um álbum cuja argamassa inclui rock, blues, country e algo de soul. E estão com uma formação em que dois integrantes fundadores (Patrick Simmons e Tom Johnston) dividem espaço com dois “novatos” dos anos 1970 (Michael McDonald e John McFee, entrados em 1975 e 1979, respectivamente).

No novo disco, o DB só não se arriscou na seara da composição pop perfeita que rendeu faixas como What a fool believes. Walk this road é um disco de rock, decente e conciso, aberto com o “rock adulto” de Walk this road (com vocais da veterana cantora gospel Mavis Staples) e prosseguido com o country-rock fora da lei de Angels & mercy, o rock-soul de Call me (que, em tempos de Tinder e zapzap, fala sobre um sujeito que mantém um namoro por telefone). E, se você duvidava, o álbum tem também o yacht rock perfeito de Learn to let go – baladão de FM no esquema “lento demais para ser disco music” que marcou várias músicas do grupo.

Walk this road não tem nada brilhante na tradição de China grove, o que pode decepcionar alguns fãs – mas tem um rock do pântano na linha do Creedence Clearwater Revival, New Orleans, e boas declarações de princípios roqueiros em Here to stay e The kind that lasts. O flerte do grupo com o blue eyed soul de FM volta discretamente na mais ou menos boa Speed of pain. Já Lahaina, no final, ganha o ouvunte pela força e pela beleza: uma canção em homenagem à ilha de Maui, no Havaí, feita para arrecadar fundos paraa a região (que sofreu bastante com incêndios em 2023), com participações de Mick Fleetwood (Fleetwood Mac) e dos músicos havaianos Jake Shimabukuro e Henry Kapono.

No fim das contas, o mundo é mais feliz com os Doobie Brothers circulando nele – e com a certeza de que, quando a falta de inspiração bater, a banda vai dar um tempo dos estúdios, como de costume.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Rhino
Lançamento: 6 de junho de 2025.

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