Cinema

The Devil’s Toy: terror, repressão e skate no Canadá em 1966

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Volta e meia, quando falam de The devil’s toy, curta-metragem canadense de 1966 (dirigido pelo hoje canceladíssimo post-mortem Claude Jutra), o filme é interpretado como sendo um mockumentary. Ou seja: um documentário de mentira, que mostra os terrores da convivência com um grupo de adolescentes que passa o dia andando de skate pelas ruas, no Canadá.

Jutra, que dedicou o filme “a todas as vítimas da intolerância”, fez uma filme que soa mais como uma paródia das produções “de orientação para a família”, que volta e meia era feitas por empresas de educação ou de medicamentos, nos anos 1960 e 1970. Ele começa mostrando que o skate é um veículo bem inseguro (numa das cenas, uma jovem não olha direito e acaba se estabacando), mas depois se dedica bastante a mostrar como é divertido rodar pelas ruas a bordo de um carrinho. A intenção parece mais ser animar qualquer ser humano a comprar um skate e tentar umas manobrinhas.

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A molecada que aparece no filme – um bando de garotos de classe média, todos com no máximo 14 anos – vê no esporte uma válvula de escape, além de uma brincadeira juvenil. Descem ladeiras, dão voltas em grupos ou duplas e fazem exibições de destreza com o skate. Passam por momentos de perseguição policial que parece até brincadeira. Especialmente quando os policiais apreendem os poucos skates que restaram (alguns foram atirados no meio do mato) e um carro passa distribuindo mais skates (!).

O filme de Jutra volta e meia é exibido em alguns festivais (passou não faz muito tempo no Doc Lisboa, em Portugal) e ele tem fama de grande gênio do cinema do Canadá. Morreu em 1986, antes de estourarem um monte de notícias nada honrosas a seu respeito. The devil’s toy pelo menos serve como um registro bem maluco de época, ainda que aquilo tudo às vezes pareça maluco demais.

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