Crítica

Ouvimos: The Convenience – “Like cartoon vampires”

Published

on

RESENHA: The Convenience troca o “tecnopop maldito” do debut por garage rock e pós-punk lo-fi em Like cartoon vampires, disco cheio de ecos noventistas.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • E assine a newsletter do Pop Fantasma para receber todos os nossos posts por e-mail e não perder nada.

Vindo de Nova Orleans, The Convenience é um duo (formado por Nick Corson e Duncan Troast) que já passou por uma mudança drástica de estilo musical. Accelerator (2021), seu disco de estreia, era basicamente um álbum de tecnopop maldito – ou de pop adulto oitentista jogado no ácido, com baladas e canções pop em que parecia sempre haver algo de estranho para observar.

Like cartoon vampires, o segundo disco, é basicamente um álbum de garage rock melódico, ou de lo-fi elaborado. Bandas como Pavement, Buzzcocks, Gang Of Four e The Halo Benders surgem como fantasmas aqui e ali, em várias músicas – alguns ataques de guitarra lembram bandas como Modern Lovers e a esquecidíssima The Stroke Band. É nessa que vão faixas como a desconstrução rítmica de Dub vultures, o pós-punk irresistível e intrincado de Target offer, o punk balançado a la Stranglers de Waiting for a train e Opportunities, e o slacker melódico de I got exactly what I wanted.

  • Ouvimos: Jehnny Beth – You heartbreaker, you
  • Ouvimos: Thistle. – It’s nice to see you, stranger (EP)

O Convenience recupera algo do primeiro disco no pop lo-fi de Pray’r. Mas lá pela metade Like cartoon vampires assume de vez sua vocação para o pós-punk estranho, cruzando evocações de The Fall, Flipper, Television Personalities e Television em faixas como a vinheta Cafe style 4, That’s why I never became a dancer, a podridão declamada de Rats e o country-punk quase falado de Western Pepsi Cola town. Por outro lado, o pós-punk de escalas asiáticas de Vanity shapes acabou ficando com um minimalismo que não condiz com a elaboração da melodia.

Fechando o álbum, a onda meio stoner, meio Velvet Underground, de Fake the feeling – uma faixa quilométrica (10:31) e ruidosa, com letra tocando no nervo desses tempos de algoritmos, redes sociais e vida pessoal como performance (“onde está seu senso de humor, amigo? / finja o sentimento / finja o sentimento até que suas flores comecem a crescer”).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Winspear
Lançamento: 18 de abril de 2025.

Trending

Sair da versão mobile