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Tem aniversário de 50 anos de Obscured By Clouds, do Pink Floyd, vindo aí

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Em meio à gravação do clássico disco The dark side of the moon (1973), e pouco após o momento em que quase trocaram o nome do disco (por causa do álbum homônimo de uma banda pouco conhecida chamada Medicine Head), o Pink Floyd foi chamado para fazer um job típico dos primeiros anos da banda. O diretor de cinema francês Barbet Schroeder, com quem a banda havia trabalhado na trilha sonora do filme More (1969) queria usar os serviços de Roger Waters (voz, baixo), David Gilmour (voz, guitarra), Richard Wright (teclados, voz) e Nick Mason (bateria) mais uma vez.

O grupo topou voar até Paris e gravar a trilha sonora do filme A colina sagrada, de Barbet – uma (excelente) mistura de filme de aventuras com maluquice hippie, em que exploradores tentam encontrar um vale misterioso, dão de cara com uma tribo isolada e começam a desfiar um rosário de questionamentos pessoais. A banda ocuparia o mitológico estúdio do Château d’Hérouville (T. Rex, David Bowie, Elton John e até a brasileira Tuca também passaram por lá) durante um período de tempo contado no relógio.

Foi assim que nasceu Obscured by clouds, um dos melhores discos do Pink Floyd, lançado em 2 de junho de 1972. O disco foi feito durante um período em que a banda, mesmo ocupadíssima (o Floyd fez até uma turnê pelo Japão no meio das gravações), não estava em condições de recusar trabalho. Os tempos em que o grupo perdia muita grana na produção dos shows e ganhavam menos que seus roadies não estavam tão distantes assim – bem como a época em que a EMI chamava o grupo pelas costas de “aquela nossa merda estranha”. Tendo apenas quatorze dias para compor todo o material, o Pink Floyd deu algumas viajadas em certas músicas incidentais do filme (Absolutely curtains, a faixa-título), mas basicamente fez um disco de rock.

O mais bizarro a respeito de Obscured by clouds é que o sétimo disco do Pink Floyd, mesmo sendo mais direto, reto e conciso do que qualquer outra coisa que eles fizeram, nunca se tornou um item querido das rádios-rock. Teria tudo pra isso: o clima country-rock de Free four, o tom motoclubista de The gold it’s in the…, o quase reggae Childhood’s end, as instrumentais Mudmen e When you’re in, o romantismo de Stay e Wot’s… Uh the deal.

Acabou sendo apenas um respiro em meio a outros trabalhos tidos como mais importantes, mas poderia ter sido bem mais. O livro Nos bastidores do Pink Floyd, de Mark Blake, recorda que, caso The dark side… não estivesse por vir, o PF poderia tomar o caminho que os Rolling Stones tomaram na época: em Obscured, o grupo surgia bastante interessado no tom country-blues do rock norte-americano, com direito a Richard Wright elogiando bastante os discos da Steve Miller Band, e coisas do tipo. Mas tudo aconteceu como tinha que acontecer.

Ouça aí.

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