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E o Canadá, que tinha uma espécie de pré-internet em 1979, o Telidon?

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No fim dos anos 1970, deu pulga no colchão dos canadenses aficcionados por tecnologia. O Centro de Pesquisas em Comunicação do Canadá criou o Telidon, em 1979. Tratava-se de uma espécie de central de videotexto ou teletexto, operada por via telefônica e que usava uma tela de televisão como interface.

O projeto chegou a chamar a atenção de empresas de outros países, que desenvolveram sistemas análogos. E virou uma febrinha no Canadá até 1982 – ao todo, durou até 1985. Olha aí um vídeo do canal Motherboard explicando em dez minutos como funcionava o bagulho. E mostrando que havia outras implicações no uso do sistema…

O Telidon funcionava bem para compras e para atividades bancárias, mas teve até uma comunidade de artistas criando projetos com ele. Além de outros tipos de profissionais. A Enciclopédia Britânica e o jornal Toronto Star abraçaram o Telidon assim que ele surgiu. Mas na sequência, vieram especialistas em eletrônica, em comunicação, em tecnologia, em humanismo e até artistas gráficos. Todo mundo viu que havia um bom nicho a ser explorado ali. Tem uma matéria bem interessante aqui sobre isso.

Tem uma turma dando uma recordada nas possibilidades do Telidon em vídeos e fotos do Instagram. Olha só isso. É uma iniciativa do centro de novas mídias Toronto Access, que se adianta na comemoração de 40 anos do sistema.

Sim, era possível criar videoarte no Telidon.

O Telidon acabou não dando certo. O serviço foi descontinuado em 1985, época em que empresas americanas que tinham projetos parecidos vinham dominando o mercado. Isso sem falar na chegada no mercado de computadores da Amiga, da Atari e da Apple, cheios de recursos com os quais a empresa canadense sequer sonhava. A princípio, a maior reclamação de todos os usuários é que não havia material online suficiente para manter o interesse pelo serviço. Seja como for, foi criada até uma REVISTA no Telidon, a Computerese, que teve alguns exemplares e sumiu.

Alguém resgatou o menu inicial da publicação e fez um vídeo. O autor do vídeo abaixo reclama que os criadores do Telidon tinham uma visão muito estreita do negócio e não estavam preparados para o que viria a seguir, com várias empresas dominando o mercado da computação. “O típico decodificador Telidon era um terminal burro com um teclado conectado a um host central. Era inconcebível que o usuário pudesse precisar de um teclado ou possuir um computador”, conta num texto colocado no link do YouTube.

“E no Brasil, teve videotexto?”. Teve. No começo dos anos 1990, a Telesp arredava aparelhos aos interessados, por uma taxa por mês. Dava para conferir saldo no banco e até para bater papo no chat, poucos anos antes da internet. Olha aí uma reportagem do SBT de 1993 sobre o assunto.

https://youtu.be/-jsNZb8cbEY

Em 1982, por sinal,  um monte de crianças ficou sabendo como funcionava um aparelho desses. E foi por intermédio do Manual da Televisão, lançado naquele ano como produto Disney pela Editora Abril. Lá era citado que o sistema já estava sendo usado em vários países, como o (claro) Canadá.

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