Cultura Pop
Sweet Smoke, aquela banda americana que os EUA não ouviram
A banda americana de rock progressivo Sweet Smoke resolveu, no fim dos anos 1960, inverter a invasão britânica. Pouco antes do primeiro disco, Just a poke (1970), os integrantes originais Andy Dershin (baixo), Michael Fontana (sax, flauta, vocais, percussão), Jay Dorfman (bateria, percussão), Marvin Kaminowitz (guitarra e vocais) e Victor Sacco (violão) embarcaram numa viagem de van pelo continente europeu, e resolveram se estabelecer justamente na Alemanha.
Foram morar numa fazenda na vila de Hüthum, nos arredores da cidade de Emmerich, a um quilômetro da fronteira com a Holanda. Just a poke acabou produzido pelo alemão Conny Plank. Como resultado disso, o debute do grupo – tido por eles mesmos como uma mescla de John Coltrane e The Doors – acabou não saindo no próprio país do qual vieram. E o Sweet Smoke acabou misturando-se ao cenário do krautrock, o experimental rock alemão.
Se você nunca ouviu Just a poke, tá aí. No melhor clima doidão do rock progressivo, o álbum tem só duas longas faixas.
Tem mais viagens na história, ainda antes da gravação do disco. O Sweet Smoke, lá por 1968, tinha se tornado atração do badalado Cafe Wha?, de Greenwich Village, na base do “vai ser bom pra vocês aparecerem”. O local convidava diversas bandas para se apresentarem lá: quem topava, tocava de graça em troca de promoção. Deu tão certo que o gerente do Cafe Wha? escalou a banda para noites em clubes que ele administrava em ilhas caribenhas (!). A banda passou três meses na região, indo à praia e tocando.
O Sweet Smoke demorou dois anos para gravar um disco novo. A banda, em 1972, resolveu fazer uma viagem à Índia. Resolveram arriscar os próprios pescoços indo de automóvel da Europa para lá, passando por Iraque, Irã, Afeganistão e Paquistão. Naquele mesmo ano, saiu o segundo disco, Darkness to light. O som era bastante influenciado pelas experiências da banda num ashram indiano e o conceito era definido pelo grupo como “religioso”.
As experiências na Índia acabaram desintegrando a formação. O flautista Michael Fontana casou-se com uma indiana e ficou por lá. Nesse papo aqui, publicado num blog, Michael bate um papo EXTREMAMENTE longo sobre política, história, religião e sobre a história do Sweet Smoke. Se você viu o link lá de cima, com o primeiro disco do Sweet Smoke no YouTube, Michael também viu e ficou meio bolado.
“Dois milhões de acessos. Você pode acreditar, dois milhões?!? E é monetizado. Existem comerciais. Nós não o colocamos, outra pessoa o colocou. Quanto ele está fazendo com isso? Se ele está recebendo dez centavos de dólar, está fazendo duzentos mil dólares”, contou Mike, fazendo certa confusão com os números (Just a poke está inteiro em três links do site, todos somando juntos pouco mais de 130 mil views). Ainda assim, clima legal. “As pessoas realmente gostaram do disco depois de todos esses anos e realmente achavam que era bom! Isso me deixa muito orgulhoso.
A história do Sweet Smoke ainda inclui um disco lançado em 1974, Sweet Smoke Live, gravado ao vivo em Berlim, em prol da Ananda Marga Yoga Society. Tem algo em comum com o primeiro deles: só duas longas músicas. Em CD, ainda ganhou faixas bônus.
E em 2012, três ex-integrantes do grupo, Andy Dershin, Jay Dorfman e Marvin Kaminovitz, se reuniram para fazer um som, usando o nome gozador de Odd Dofg Barking. Saiu isso aí. Como diz o site do Sweet Smoke (sim, a banda tem um site bastante informativo), “os membros originais ainda permanecem amigos e ao longo dos anos se reuniram várias vezes para tocar e recordar, mas principalmente para rir”.