Crítica

Ouvimos: Sports Team – “Boys these days”

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RESENHA: O Sports Team faz pop elegante e irônico em Boys these days, disco que mistura referências dos anos 1980 com letras afiadas sobre nostalgia e masculinidade frágil.

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O som desse sexteto britânico é uma surpresa bacana – quase como foi descobrir o som do The Chills (lembra?) nos anos 2000. No terceiro álbum, Boys these days, o Sports Team faz pop elegante com referências oitentistas e letras que sacaneiam as expectativas dos dias de hoje, seja as dos mais velhos, seja as dos jovens que querem viver como se vivia no auge do capitalismo dos anos 1990 e 2000.

Tipo em I’m in love (Subaru), a faixa de abertura. É um pop com algo de Spandau Ballet e Smiths, cuja letra traz referências a Donald Trump e Bill Clinton, e a zoeira da masculinidade frágil do cidadão norte-americano (e do brasileiro, por extensão, por que não?) que ama carros – e que surgiu da visita do grupo a alguns fóruns do Reddit.

A faixa-título, por sua vez, é easy listening com cara roqueira, algo entre Elton John e Electric Light Orchestra – e a letra fala sobre conflitos de geração, preconceitos dos mais velhos em relação aos mais novos e o enjoo com o tradicional “quando eu tinha a sua idade…”. O som do disco acompanha essa onda meio vintage e bastante sacana – várias faixas parecem saídas do estúdio da PolyGram na Barra da Tijuca em 1982.

Resumindo a musicalidade da banda: Boys these days migra para folk, dub e algo de Madchester em Moving together, une sons que lembram Rolling Stones e Bachman-Turner Overdrive (!) em Condensation, solta uma espécie de country rock psicodélico em Head to space, e tangencia o glam rock (com direito a uma percussão que lembra T Rex) em Sensible e Planned obsolescence. Já Bang bang bang é indie rock com cara punk e country. E onda sonoras de bandas como Roxy Music tomam conta de Maybe when we’re 30.

Já nas demais letras de Boys these days, o Sports Team continua afiando o olhar para mostrar como muitos valores do passado perderam o sentido. Planned obsolescence é quase auto-explicativa, com versos como “eu sou o crédito na sua conta antiga / eu sou a piada que nunca teve graça / mas como ela nos fez rir”.

Finalizando o álbum, Maybe when we’re 30 desmonta o ideal de maturidade vendido por gerações anteriores, com sarcasmo afiado: “talvez pudéssemos comprar uma casa e ter um filho / passar nossos dias no Facebook, dias tão felizes no Facebook / e compartilhar histórias do Daily Mail sobre os filhos de David Beckham”. Zoeira inteligente com trilha boa.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Bright Antenna
Lançamento: 23 de maio de 2025

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