Cultura Pop
Sleep: os caras do disco malucão Dopesmoker estão de volta
Responsável por um dois discos mais chapados e malucos de todos os tempos, Dopesmoker (gravado em 1995 mas só lançado em 1999), a banda americana de stoner rock Sleep tá de volta com lançamentos novos. The sciences saiu em abril, com faixas longas e doidaralhaças como Giza Butler e Marijuanaut’s theme.
Em maio, o Sleep soltou um single em parceria com o canal por assinatura Adult Swim, Leagues beneath. “Single” é maneira de falar, já que a música tem 16 minutos e é uma porradaria daquelas. Olha aí.
Já Dopesmoker, se você não se lembra ou nunca ouviu falar, é um disco de entortar o cérebro. Quase tanto quanto devem ter ficado as pobres massas cinzentas de Al Cisneros (voz, baixo), Matt Pike (guitarra) e Chris Hakius (bateria) ao fazer o disco.
Pra começar, o álbum tem só uma música, enorme, dividida em várias partes. Cada acorde, cada toque no instrumento, é esticado a ponto do andamento ficar extremameeente leeento. Mais do que no caso de qualquer outra banda stoner ou doom metal. Mais: a tal música foi feita após etapas sequeladíssimas de gravação em que os integrantes fumavam maconha o dia inteiro.
Pike, num papo recente com a Vice, lembrou que cada integrante tinha 850 gramas da erva à sua disposição, e que o montante unia diferentes exemplares da diamba. A turma também fazia experimentações malucas com a droga. BEM malucas, por sinal. “Já fumou maconha de um cálice de coco usando uma mangueirinha? Cara, você esquece seu nome, seu endereço, fala com seu cachorro e seu cachorro responde. É estranho pra caralho”, diz o músico na entrevista.
Mais: Dopesmoker deveria ter sido lançado pela grandalhona London, que contratou a banda feliz da vida, após o sucesso do disco Holy mountain, em 1992. O advance dado pela gravadora para o álbum foi todo gasto em maconha e equipamentos. Um processo movido pelo antigo selo da banda, Earache, atrasou as gravações do disco em dois anos. Quando finalmente ficou pronto, a chefia da London ouviu o resultado, recusou-se a lançar o CD e dispensou o grupo.
Para piorar um pouco a confusão, o álbum foi lançado várias vezes, com capas diferentes, conteúdos diferentes (minutos a mais ou a menos) e… títulos diferentes, Jerusalem e Dopesmoker. Na versão Jerusalem, pirataça e publicada por um selo independente em 1999, o álbum alcançava 52 minutos. Ao sair como Dopesmoker, em 2003, passou de 60 minutos.
O Spotify tem a versão de 1999 e a mais recente, de 2012, remasterizada.
Abaixo tem uma reportagem em vídeo com o Sleep. O grupo, ajudado por algumas testemunhas (evidentemente, as lacunas de memória não são poucas…), conta um pouco sobre o clima do lançamento de Dopesmoker. E lembra que a gravadora, ao ouvir o álbum, viu que não havia nada a fazer com ele.
André Barcinski também falou do Sleep.