Cultura Pop

Quando Todd Rundgren homenageou Stephen Hawking

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Durante um bom tempo, Todd Rundgren dividiu-se entre fazer discos que, mesmo experimentais, tinham saída nas rádios, e álbuns totalmente megalomaníacos. Um fosso entre o acessível Hermit of mink hollow (1978) e o proto-new age Healing (1981). Em 1984, deixou gravado A capella, um disco que parece mais aquelas experimentações da Bjork, com Rundgren imitando instrumentos e usando camadas de sampling.

Dá pra dizer sem medo de errar que se trata de um disco bastante avançadinho. Tão avançadinho que sua gravadora, Bearsville Records, resolveu nem lançar, já que o selo estava sem grana – e iria à falência em breve. A capella saiu, do jeito que estava, pela Warner em 1985. Pouca gente ouviu.

Em 1989, ainda contratado pela Warner, Rundgren lançava Nearly human e parecia totalmente descontente com a possibilidade de lançar novos hits. Chegou a conceder uma entrevista para o LA Times em que dava uma desprezada em nomes que estavam nas paradas por aqueles tempos. “Eu não sinto nenhuma perda por não estar na mesma (categoria) que Milli Vanilli”, contou. “Eu não quero desprezar artistas que, por algum capricho, conseguiram uma boa música no alto das paradas pop, mas há algo desvalorizador em estar lá com Paula Abdul e Madonna”.

Para, digamos, coroar essa fase, o disco trazia uma homenagem a ninguém menos que o físico Stephen Hawking, morto no dia 14 de março. Olha Hawking aí.

“A canção é uma meditação sobre a fragilidade humana e sobre aspirações, baseada no exemplo de Stephen Hawking, o autor britânico best-seller e astrofísico que tenta mapear o universo com uma mente presa em um corpo paralisado”, informou o LA Weekly. “A inspiração (para a música) não veio de uma anedota – uma pessoa com uma doença – tanto quanto veio dos conceitos de bravura e de humanidade”, disse Rundgren. “Tantas pessoas acabam desperdiçando a si próprias. Elas simplesmente caem em uma existência consumista comum, e a vida é uma rodada interminável de assuntos como o mais recente programa de TV e o mais recente filme. Eles esquecem questões mais profundas, sobre o que é a existência, sobre por que as coisas estão aqui para nosso benefício”.

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