Cultura Pop
Rita Lee & Roberto para dançar, vol. 3
O mais extenso dos três volumes da série Classix remix, que mexe (literalmente) no catálogo de Rita Lee & Roberto de Carvalho, já está nas plataformas. Lançando o pacote de 17 faixas em evento online da gravadora Universal Music Brasil na quinta (24), João Lee, DJ, filho do casal e produtor do projeto, disse já estar louco para levar todo o material para as pistas de dança, assim que as aglomerações estiverem devidamente liberadas e não causarem perigo.
“Mal posso esperar para ouvir isso na pista, mas tenho recebido vídeos de pessoas que estão dançando em casa sozinhas. Cada pessoa tem uma memória afetiva com alguma música em algum momento”, conta João, que convidou para participar amigos como Coppola (Só de você), Gui Borato e Junior C (Pega rapaz) e Elekfantz (Shangri-Lá). Vivi Seixas (filha de Raul Seixas) e Kryptus Gomes (filho de Baby do Brasil e Pepeu Gomes), que formam com João Lee o coletivo Filhos do Rock, unem-se a ele num dos dois remixes de Lança perfume que aparecem no álbum.
>>> Veja também no POP FANTASMA: Marcos Valle: “Por causa de ‘Estrelar’, em 1983, eu virei o Xuxo”
João conta que a ideia do projeto dos remixes de Rita Lee e Roberto de Carvalho, que chega ao fim agora, já vinha da época em que começou a tocar.
“Sou DJ há 25 anos e desde quando comecei a tocar, sempre quis ter versões das músicas dos meus pais em meus sets. Aproveitei os 25 anos para fazer a fusão da música deles com a minha, e para celebrar o catálogo deles convidando meus amigos, as pessoas que foram meus aliados durante todos esses anos”, conta.
“A gente fez história com esse projeto. São quase 20 músicas originais com remixes, foi enorme a quantidade de músicas que a gente conseguiu encontrar para fazer digitalização” completa ele, dizendo que se trata do álbum mais “pista” da série. “Os remixes têm uma liberdade de desconstrução maior do que nos outros. Nesse disco, eu tocaria todas as faixas num set de duas horas. Conseguimos pegar todos os momentos de um set do começo ao fim”.
>>> Veja também no POP FANTASMA: Guilherme Arantes: “Meu próximo disco vai ser o meu ‘The Wall’”
Remixes de canções que fizeram sucesso, e que não eram produzidas exatamente como canções de pista, sempre são um risco enorme. Afinal, mexem em algo que parecia já perfeito e terminado – e que ainda por cima já era aprovado pelo público. Gui Boratto lembra que deu uma titubeada na hora de pegar Pega rapaz, ao lado de Junior C. O retrabalho no hit de 1987 entrou aos 45 minutos do segundo tempo no disco.
“Todo mundo ama essa música e ela representa mil e uma coisas. Foi difícil fazer por conta das mudanças de harmonia, da história da música, da letra”, conta ele, que chegou a cortar um dos versos. “Mas o fundamental é a letra, o discurso da letra. Não faria sentido por exemplo, uma versão dub, sem voz, ou com vultos das vozes. O ideal tentar fazer uma versão que não seja concorrente do original e que também não o distorça”.
Jornalista e pesquisador de Rita Lee, presente ao lançamento online, Guilherme Samora recorda que as batidas dançantes já eram bem próprias do trabalho de Rita & Roberto. “O Saúde (1981) foi um dos primeiros discos de música eletrônica do país. Tinha bateria eletrônica em quase todas as músicas”, recorda.
>>> Veja também no POP FANTASMA: Quarenta clássicos pop da música infantil
O DJ Coppola pegou Só de você (“a favorita da Hebe Camargo e dos fãs”, lembra Samora) e passou por um breve crivo familiar antes da escolha. “Perguntei à minha família qual música eles escolheriam. Minha mãe falou que esse disco (Rita Lee & Roberto de Carvalho, o “da piscina”, de 1982) foi tocado na festa de casamento deles. Esse mesmo vinil (mostra no vídeo, por Zoom). E o casamento foi na Igreja que tem no condomínio em que os pais do João moram”, recorda.
“Já tinha curtido a ideia porque a música tem uma pegada pro jazz. Tive o desafio de mudar o ritmo, a bateria, a harmonia. Fiz vários loops com ideias diferentes. Quando estava cheio de ideias, precisei começar a montar o quebra-cabeças”, completou.
Diego Moura, responsável pela marca DEE:VISION, escolheu o hit Saúde e afirma que a época em que vivemos determinou isso. “Esse tempo louco em que vivemos, e saúde é o que todo mundo está precisando em primeiro lugar. Foi um processo demorado, e foi muito bom”.
João conta que o próximo projeto deverá envolver outros nomes conhecidos do pop nacional, e vai ser feito justamente com Vivi Seixas e Kriptus Gomes, os Filhos do Rock. “Estamos fazendo um lance com músicas do Raul e dos pais do Kriptus”, conta. “Toco muitos estilos diferentes de música eletrônica. Fiquei feliz de ver que essas músicas servem para todos os momentos de pista”.