Cultura Pop

Relembrando: The Primitives, “Spin-o-rama”

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E o mundo viveu vinte anos sem os Primitives, uma das bandas mais bacanas e menos compreendidas dos anos 1980. Tão incompreendida que, mesmo estando contratada pela RCA a maior parte de sua carreira inicial, o tempo não esteve a favor deles. O maior hit da banda, Crash, saiu em 1988 – mas só fez sucesso de verdade em 1994 quando apareceu na trilha da comédia bobalhona Débi & Lóide.

A banda da vocalista Tracy Tracy e do guitarrista Paul “PJ” Court, originalmente um grupo entendido como uma mescla de power pop, punk e new wave, gravou três grandes álbuns entre 1988 e 1991 mas precisou esperar as tais duas décadas para botar para fora suas verdadeiras intenções. Em 2012 o grupo retornou com Echoes and rhymes, repleto de covers dos anos 1960. Spin-o-rama, primeiro disco de inéditas da banda britânica na “volta”, entrincheirava os Primitives na mesma época.

Nos anos 1980, recriar características de uma gravação sessentista ia contra qualquer tipo de padrão – pouca gente tentava e poucos conseguiam. Em 2014, ano de Spin-o-rama, os Primitives recriavam o power pop de vários anos antes na faixa-título, uniam punk e The Who na animada Hidden in the shadows, criavam um clima beatle na psicodélica Wednesday world (com violão de 12 cordas de um lado, bateria de outro), revisitavam o rock de garagem em Follow the sun down. Isso só para ficar nas quatro primeiras faixas. Purifying zone vem na sequência, trilhada num corredor de neopsicodelia oitentista.

Na segunda metade de Spin-o-rama, o ouvinte (ou novo fã da banda) já está ganho. E surgem músicas como Lose the reason, uma new wave ruidosa com riffs de órgão Farfisa, o punk Petals, e uma homenagem quase instrumental ao Velvet Underground, Velvet valley. Tem também Working isn’t working, um folk-rock de protesto, feito para ser cantado pelas ruas, na voz de Paul Court. “Eu não fui feito para levantar coisas ou cavar o chão/eu nunca quero seguir ordens ou me ajoelhar/eu não nasci para ficar na fila”, diz. Os Primitives voltariam em 2017 com um EP, o belo e igualmente sessentista New thrills. Hoje, estão em turnê.

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