Lançamentos
Radar: Thom Yorke & Mark Pritchard, Sparks, Suzanne Vega e mais sons novos
O DataPopFantasma afirma: números mostram que tá cheio de gente interessada em conhecer música nova – tanto que muita gente tá gostando de ver as listas do Radar, as nacionais e as internacionais. Dessa vez, Thom Yorke e seu novo projeto off-Radiohead encabeça a lista de novas músicas de lá de fora. Ouça tudo aí.
Foto Thom Yorke e Mark Pritchard: Pierre Toussaint/Divulgação
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THOM YORKE E MARK PRITCHARD, “GANGSTERS”. No dia 9 de maio (opa, daqui a menos de um mês) chega Tall tales, o álbum colaborativo que junta o vocalista do Radiohead com o produtor britânico Mark Pritchard. O disco já veio sendo anunciado com dois singles – Back in the game e This conversation is missing your voice – e agora ganha mais um capítulo com o novo single, Gangsters. A nova faixa mergulha fundo nos sons tecnológicos do passado: os teclados e a programação eletrônica remetem ao Computer world do Kraftwerk, à new wave saltitante dos anos 1980 e até à irreverência lo-fi e sintetizada do Young Marble Giants. O resultado é uma atmosfera robótica e sombria que chega a dar um friozinho na espinha – especialmente com os vocais altamente processados da dupla.
SPARKS, “DROWNED IN A SEA OF TEARS”. Os Sparks gostam de brincar com o drama — e fazem isso há décadas, com um pé no rock e outro no teatro. A gente falou deles num episódio recente do nosso podcast. Agora, prestes a lançar o 27º disco (!), MAD!, os irmãos Russell e Ron Mael soltam Drowned in a sea of tears, que é mais séria: uma música sobre um amor que se perdeu por falta de conversa. Tudo é tenso, mas ainda tem aquele toque irônico que só eles sabem fazer.
SUZANNE VEGA, “CHAMBERMAID”. A lenda está de volta. Depois de flertar com o punk (inspirada por Fontaines D.C. e Ramones) no single Rats, e de mergulhar no power pop no compacto Speaker’s corner, Suzanne Vega retorna às raízes folk em Chambermaid. A nova faixa fala sobre viver à sombra de um homem, com versos marcantes como: “eu costumava fingir que era rainha / mas com o tempo, abandonei essa cena / custa muito até sonhar nesta direção”. Suzanne revelou que a canção foi “inspirada por uma música que sempre amei — de um artista que significou muito para mim ao longo dos anos”. O site Stereogum aposta que a referência é I want you, de Bob Dylan — e a teoria faz sentido, já que a introdução das duas faixas é idêntica. Flying with angels, novo disco de Suzanne, chega no dia 2 de maio.
CALGOLLA, “MORNING STAR”. O rock alemão vai bem, obrigado. Morning star, primeiro single do próximo disco do Calgolla, Iter, mistura pós-punk com math rock, com vocais falados, guitarras marcantes e um ritmo que vai do dançante ao mecânico. A letra parece um diário de quem anda se perguntando para onde o mundo está indo: “bordas / arame farpado / trajetórias parabólicas / pés de lastro / pernas machucadas”. É uma música que faz pensar — e dançar, mesmo com um certo peso.
S.E.I.S.M.I.C, “THE DEMON”. O S.E.I.S.M.I.C vem lá de Christchurch, na Nova Zelândia, mas diz que seu som vem mesmo é de Marte. A banda aposta num rock pesado e viajado, que mistura Black Sabbath, Kyuss, MC5 e Hawkwind — e a gente já falou disso por aqui. O novo single, The demon, mantém a fórmula, mas com uma pegada mais sombria. A guitarra parece entalhada em pedra, e o clima lembra filme de terror. Não é pra ouvir baixinho. É pra colocar no talo.
PORCHES, “SHIRT” / “LUNCH”. Lembra do álbum Shirt, lançado pelo Porches no ano passado (e que, injustamente, acabou não ganhando resenha por aqui)? Pois bem: o disco continua sendo uma ótima forma de encarar os anos 1990 com a cabeça de 2025. Gritaria, guitarras pesadas, autotune (virou febre entre bandas novas), uns teclados aqui e ali – tudo isso dentro de uma estética de zoeira sonora que remete ao espírito de Kurt Cobain. Agora, Shirt volta rapidamente em edição deluxe – aliás como essas edições têm saído rápido, não? – com duas faixas extras. Elas são a própria Shirt (sim, ela não estava no disco original) e Lunch. As faixas brotam num inesperado clima grunge-post-rock, e Lunch chama atenção por ser uma daquelas músicas sobre o nada – dormir o dia todo, dar uma volta, ver as modas, matar o tempo. E ainda assim, tudo soa urgente, como se fosse a trilha sonora perfeita pra uma crise existencial preguiçosa.