Lançamentos
Radar: Babycarpets, Afrika Gumbe, Superafim e mais 5 sons (#1)
Músicas que saíram essa semana, canções recentes que demoramos a ouvir com atenção, surpresas que a gente acha que todo mundo tem que conhecer, hits dos quais não dá para deixar de falar… Toda semana o Pop Fantasma vai falar de sons nacionais e internacionais que a gente quer muito que todos os leitores ouçam com atenção dedicada. As músicas nacionais estão aí.
Na foto: Babycarpets (Divulgação).
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BABYCARPETS, “CANDY”. Nos próximos meses sai o segundo álbum dessa banda maranhense chegada numa união de psicodelia e shoegaze, Different lifetime. Por enquanto, já lançaram dois singles, sendo que Candy, o mais recente, investe numa sonoridade mais tranquila (ou menos intranquila, você escolhe), com bases pesadas unidas a arpejos de guitarra, num resultado mais próximo do de bandas como Guided By Voices.
AFRIKA GUMBE feat LENINE, “WI-FI FREE”. Se passou batido por você, aqui vai o alerta: no comecinho de dezembro, subiu para as plataformas Wi-Fi free, novo som do Afrika Gumbe, banda dos irmãos Marcelo Lobato (ex-O Rappa) e Marcos Lobato, além de Pedro Leão. O som? Um reggae-rock lembrando Gilberto Gil, com camadas de guitarra, bateria e percussão voando na cabeça do/da ouvinte – e ainda tem Lenine como convidado. Wi-fi free abre caminho para o terceiro disco do Afrika Gumbe e ainda marca o lançamento do selo Lobo Records, de Marcelo Lobato.
HÉLDER VIANA feat LÔ BORGES, “COLIBRI”. Cantor, compositor e violonista mineiro, Hélder convidou o ícone Lô para soltar a voz nessa bela balada soul e orquestral (que, mesmo transbordando de mineirice e brasilidade, lembra em alguns momentos o blue eyed soul do Simply Red). Outras lendas passaram pelo estúdio: Nivaldo Ornellas toca saxofone e Wagner Tiso fez os arranjos. Nascido em 1963, Hélder tem estrada: veio de família de congadeiros, começou a tocar em 1978 (em Oliveira, interior de MG, onde morava), fez shows na noite mineira e gravou seu primeiro álbum em 2001, Cabrália.
SOPHIA CHABLAU E FELIPE VAQUEIRO, “NOVA ERA/OHAYO SARAVÁ”. A amizade dos dois surgiu quando suas respectivas bandas (Sophia Chablau E Uma Enorme Perda de Tempo e Tangolo Mangos) fizeram uma turnê juntas, em 2023. A parceria rendeu esse single duplo, com lançamento simultâneo no Brasil (selo Risco) e em Portugal (selo/coletivo Cuca Monga). Sophia assume a dianteira na primeira faixa, um samba-iê iê iê anti-romântico (“tava pensando muito sobre clichês que todo mundo já disse ou já ouviu do fim de um relacionamento, e em como, por mais que sejam clichês, continua sendo difícil rebatê-los”, contou) diz. Ohayo, uma canção sobre “a comunicação, os cumprimentos e seu poder de encontro e desencontro”, é um indie-pop com levada à Djavan, e Vaqueiro à frente.
SUPERAFIM, “SORRY”. A energia dos bons tempos do Cansei de Ser Sexy voltou: os ex-integrantes Adriano Cintra e Clara Lima montaram o Superafim e estreiam oficialmente em single com uma canção pra lá de pegajosa e danlamte, Sorry. Melhor hora para isso não há: essa história de “verão Brat” já rolava há anos nos shows e músicas do CSS. A faixa promove um flerte entre rock e dance music, com um pezinho na disco. Detalhe: antes dessa estreia oficial, a dupla lançou no YouTube um EP natalino (Xmas Gift), cheio de covers, além de três faixas autorais. Vale a audição – e a pesquisa nas plataformas.
CRASSO SINESTÉSICO, “LÁGRIMAS DE UM ÍNDIO”. E se João Gilberto chamasse J Mascis (Dinosaur Jr.) para um café e, logo depois, Jorge Ben convidasse a galera do Duster pra um pão na chapa? Essa é a provocação sonora do Crasso Sinestésico, duo formado por Diego Fernandes e Helder Vilhena, que chega com o EP Tempestade e um pé fincado no slacker rock – aquele som despojadíssimo, barulhento e cheio de referências improváveis, tipo Pavement e afins. Lágrimas é um recorte disso tudo, unindo indie noventista e toques de bossa. Na letra, uma crítica bem sacada à exploração desenfreada dos recursos naturais.
SOFA CLUB, “LET THE RAIN”. Prometido para outubro, o EP epônimo desse duo de Poços de Caldas (MG) atrasou e só chegou às plataformas em dezembro. Matheus Del Claro e Luan Ribeiro rodam por projetos como Del Claro, Moonrib e City Mall, sempre naquela pegada de laboratório sonoro. No single Let the rain, a dupla equilibra city pop, synth pop e aquele rock britânico oitentista que cola no cérebro. Sintetizadores grudentos, vocais bem bolados e guitarras melódicas e discretas formam a base do som – tudo com um toque de brasilidade ali no fundo.
MOCOFAIA, “OGUM MARIÔ”. Esse grupo cheio de afro-brasilidade, formado por Luizinho do Jêje, Marcelo Galter e Sylvio Fraga, lançou em outubro pelo selo Rocinante seu primeiro álbum, que leva o nome da banda. Uma turnê já está rolando por aí, e atualmente senta praça no Rio, onde moram: depois de passar pelo Leão Etíope do Méier, o trio faz parada dia 12 no Manouche (Jardim Botânico), antes de seguir viagem pra BH e SP. Ogum Mariô, uma das melhores do álbum, é um caldeirão de ritmos, sons, tempos e imagens que se entrelaçam, e vêm da criação coletiva.