Cultura Pop

Quinze minutos de Suicide

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Da dupla de música corrosiva Suicide, o mínimo que se pode dizer é que fazem jus ao nome. Em 1978, ao abrirem para o Clash, deixaram o público da banda punk tão puto que um espectador mais exaltado jogou um machado na cabeça do falecido Alan Vega (não, ele não morreu de machadada – foi embora dormindo, em 2016, aos 78 anos).

“Acho que o Suicide era muito punk até mesmo para o público punk. Eles nos odiavam. Eu zombei deles, ‘Vocês, seus filhos da puta, vão ter que aturar a gente para escutar o Clash’. Foi quando o machado veio em minha direção, e passou a um triz da minha cabeça. Foi surreal, cara. Eu senti como se estivesse em um filme em 3-D do John Wayne. Mas isso não era nada incomum. Todos os shows do Suicide pareciam a terceira guerra mundial naqueles dias. Toda noite eu pensava que ia ser morto. Quanto mais tempo passava, mais eu pensava: ‘É provável que seja hoje à noite'”, disse Alan Vega certa vez ao The Guardian.

O único defeito do vídeo ai de cima, A short film about Suicide, é que infelizmente ninguém lembrou de colocar legendas nele. Vale pedir a alguém que esteja com o inglês em dia, porque basicamente ele consiste em Alan Vega, ao lado do parceiro Martin Rev, contando histórias a respeito da dupla e das encrencas em que os dois se meteram. Começa com Alan falando do show que lhe marcou a vida e o colocou no caminho da música podre: a vez, em 3 de setembro de 1969, em que os Stooges abriram para o MC5 no Pavillion. Uma noite tão maluca – conforme o descrito no livro Suicide: Dream, baby, dream, a New York City story, de Kris Needs – que começou com o show de abertura do cantor-da-maconha David Peel e prosseguiu com Iggy Pop (Stooges) abrindo um talho no peito com a baqueta. O clima estava tão caótico que, antes do MC5 entrar, o DJ da casa pôs um trecho do Concerto de Brandenburgo, de Bach.

No vídeo (são só quinze minutos), tem os dois do Suicide falando sobre como o fato de serem uma dupla e não tocarem exatamente rock´n roll dava choques nas pessoas (fora o nome). Chris Stein (Blondie) diz que os dois preenchiam um vazio que ninguém estava ocupando, “talvez só os Silver Apples”. Vega recorda que a interação do Suicide com a plateia incluía mesas atiradas para cima e drinques jogados no chão. “Eu também me cortava, tenho até cicatrizes aqui”, conta, sem nem rir.

Já Howard Thompson, que depois contrataria a dupla para o selo Bronze (Uriah Heep, Motörhead, Damned) conta que recebeu o primeiro álbum do Suicide e, desavisado, trocou o lado B pelo A – o que acabou fazendo com que começasse a audição pela corrosiva Frankie Teardrop.

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