Cultura Pop

Quando The Doors tocou no México

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No entendimento de Iggy Pop e os Stooges, 1969 era “mais um ano sem nada pra fazer” (é o que o cantor diz no clássico da banda pré-punk, 1969). Para Jim Morrison e os Doors, era um ano cheio de trabalho e problemas. Em 1º de março de 1969, Morrison havia dirigido ofensas à plateia do Dinner Key Auditorium, em Miami – inspirado em técnicas de “envolvimento com a plateia” que havia conhecido com a companhia Living Theatre, de Julian Beck e Judith Molina. Disse coisas como “vocês são um bando de idiotas que deixam que que lhes digam o que fazer” e encerrou com um “e se eu mostrar meu pau? É o que vocês querem?”.

O vocalista foi preso, acusado de mostrar o pênis para a plateia – coisa que seus colegas de banda negam que tenha acontecido. No julgamento, Jim foi condenado a seis meses de prisão. Morrison permaneceu em liberdade, aguardando um recurso de sua condenação, mas morreu antes que o assunto fosse legalmente resolvido. O novo disco dos Doors, The soft parade, saiu em 19 de julho de 1969, num tom bem mais romântico e tranquilo do que se imaginaria, em se tratando de uma banda provocativa em ambiente tenso.

Consequentemente, as oportunidades de trabalho foram escasseando para a banda. Um pool de casas de shows nos EUA se reuniu e baniu os Doors de seus palcos. The soft parade, mesmo assim, foi lançado com uma turnê que varou os EUA e foi parar na Cidade do México.

Até então, poucas bandas mainstream haviam tocado no México (Animals, Byrds e o Union Gap haviam precedido os Doors). A oportunidade de tocar num país ainda pouco desbravado por astros do rock, além das oportunidades perdidas nos EUA, animaram os Doors a tocar quatro datas na capital mexicana, entre 28 de junho e 1º de julho de 1969. Os shows foram inicialmente marcados para a Plaza de Toros, onde cabiam 40 mil pessoas. Mas acabaram transferidos para um clube chique com lotação de mil cabeças, o The Forum. Tudo por ordem do ditatorial presidente Gustavo Díaz Ordaz. O local ganhou até um pòster enorme de Jim Morrison pintado (veja na foto acima).

O grupo foi avisado da mudança em cima da hora e exigiu fazer um show no prestigioso Auditório Nacional (e não foram atendidos). Os ingressos do The Forum custavam a fortuna de 700 pesos e incluíam um jantar. A banda foi assistida por um público formado em sua maior parte pelos frequentadores abonados do local, não por hippies e roqueiros mexicanos. Segundo um texto enorme da Rolling Stone, Morrison, tentando ser agradável, dirigiu-se à plateia em espanhol e apresentou os colegas como Juan Densmore, Roberto Krieger e Ramon Manzarek. Deu certo.

Houve uma série de problemas nessa visita, a começar pelos policiais que queriam revistar tudo – até mesmo as milhares de caixas com equipamentos, que dariam um baita trabalho caso tivessem que ser abertas e observadas minuciosamente, e depois guardadas. Ao voltarem para os EUA, deram prosseguimento aos projetos da banda e gravaram e lançaram o último disco com Jim, L.A. woman, de 1971. Que foi lembrado no dia 20 de novembro na nossa seção de “várias coisas que você sabia sobre…” (que vai voltar em março)

 

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