Utilidades
Quando recomendavam congelar CDs para melhorar o som
Agora que um monte de gente anda falando em “volta dos CDs”, depois dos vários anos em que todo mundo pregou o retorno do vinil, o grande alívio talvez fosse não ver NINGUÉM resolvendo provar uma tese que foi defendida por vários audiófilos durante o comecinho dos anos 1990: a de que congelar os CDs (!) fazia com que eles passassem a ter uma definição sonora melhor.
Parece coisa de maluco e talvez seja, sim, mas pelo menos dois artigos conhecidos defenderam a criogenia (!) de CDs, e arrastaram uma série de pessoas a fazerem o mesmo – e até hoje há gente discutindo isso em fóruns na internet. Robert Harley publicou a reportagem The cryogenic compact disc na revista Stereophile em outubro de 1990, na qual entrevistava pessoas que haviam feito isso. “Ed Meitner, designer da linha de eletrônicos Museatex, descobriu que o congelamento criogênico de um CD altera a estrutura física do policarbonato, o material plástico do qual os CDs são feitos. O resultado é supostamente uma melhoria audível na qualidade do som”, explicava o texto.
Os CDs não eram colocados num congelador desses de geladeira, que você usa para estocar a comida da semana: o processo incluía uma câmara de congelamento criogênica, “e a temperatura é reduzida lentamente ao longo de oito horas para 75 Kelvins, ou cerca de -300 graus Fahrenheit. Esta é aproximadamente a temperatura do nitrogênio líquido, o agente de resfriamento da câmara. A temperatura é então lentamente trazida de volta à do ambiente ao longo de mais oito horas”, diz o texto. Aliás o artigo está aqui, deita uma falação enorme sobre tudo o que envolve a estrutura de um CD, e ainda diz que o disco “tratado” (enfim, congelado) volta mais flexível para a mão do ouvinte.
Parecia brincadeira, mas Meitner andava conversando com selos dedicados a lançamentos especiais sobre CDs criogênicos. E ainda sugeria outras coisas para melhorar o som, como pintar a parte superior do CD de preto. Seja como for, a Stereophile promoveu testes cegos com jornalistas da revista, usando três CDs: um pintado de preto, um pintado de preto e congelado, e outro apenas congelado. “Peter Mitchell (colaborador) também identificou imediatamente o disco tratado. De fato, segundos depois de ouvir o disco tratado com a gravação de guitarra e baixo, ele soltou uma exclamação de surpresa”, garante o texto. Harley saiu da experiência convencido de que alguma coisa acontecera com os CDs pintados e congelados.
Bom, teve mais um artigo escrito por Jimmy Hughes em janeiro de 1993 na revista Audiophile, falando sobre congelamento de CDs. E esse artigo inspirou uma turma enorme a reduzir as expectativas de arrumar uma câmara de congelamento, e passar a colocar os CDs no congelador mesmo. Uma tal de Carol Clark colocou dois CDs em sacos plásticos vedantes, deixou no freezer por 24 horas, e depois em uma toalha de rosto na geladeira por mais 24 horas. E depois para um armário que era a “parte mais fria da casa” por mais 24 horas. Um dos CDs era do Nine Inch Nails e ela jura que a experiência de escutar o som do NIN melhorou dez vezes mais após congelar o disco. Aliás, lá por 1993 até mesmo a Bizz, aqui no Brasil, anunciou essa mania de congelar CDs e explicou que tinha uns sujeitos dando ideia até de congelar o CD player. Coisa de maluco/maluca.