Televisão
Quando os programas de humor usavam um mellotron de risadas (??)
No fim dos anos 1950, os programas humorísticos da TV foram invadidos por sons de risadas – que se tornaram padrão para todo e qualquer humorístico ao redor do mundo (Brasil inclusive). Era só acontecer algum momento “engraçado”, que os roteiristas achavam que deveria e poderia ser sinalizado, que apareciam as tais risadas.
Por sinal, elas apareciam em vários graus diferentes, conforme as gags dos programas surgiam. Podiam ser só algumas risadas baixas (para indicar que algo mais engraçado ainda ia acontecer), só uns risos (para mostrar que era o comecinho da situação) ou gargalhadas bem altas (mostrando que o que tinha de mais engraçado estava rolando naquele momento).
E quem criou essa história foi o engenheiro de som Carroll Pratt (1921-2010). No fim dos anos 1950, ele foi abordado por um colega chamado Charles Rolland Douglass, que havia inventado uma espécie de mellotron de risos (ai) chamado Laff Box. O bicho tinha várias fitas de áudio com risadas, e elas eram acionadas por botões, para que gerassem loops de risos.
Douglass estava prosperando no seu negócio e sugeriu que Pratt trabalhasse para ele. Dizia Pratt que o negócio de Douglass vinha dando certo porque programas de TV muitas vezes não tinham plateia, o que aumentava a necessidade de ter risos. Segundo o obituário de Pratt no New York Times, havia diversidade até mesmo na escolha das risadas.
“Uma fita continha risadas mais curtas e há cerca de 30 a 35 risadas diferentes antes de repetirmos. Nós misturamos para evitar a sensação de repetição. Espero que você nunca ouça a mesma risada em um show duas vezes”, contou.
Ainda assim, rolavam muitas reclamações porque alguns espectadores focavam bem putos com o fato de ter um monte de risadas nos programas. “A principal reclamação era que estávamos rindo de coisas que não eram engraçadas”, disse ele à Associated Press em 1996. “Então recebemos cartas dizendo que não precisamos de um cara apertando um botão para nos dizer quando rir”.
E olha aí uma matéria de TV de 1983 mostrando Pratt e seu irmão John tocando adiante o Sounds One Studio, que fornecia risadas (entre outros serviços) para sitcoms e programas humorísticos. E mostrando como funcionava a tal engenhoca de risadas, com botões que acionavam risos e aumentavam volumes.
Via Laughing Squid e LA Times