Cultura Pop

Quando o Style Council ficou na pista

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O Style Council foi (você deve lembrar, eles fizeram sucesso no Brasil) a banda chique que Paul Weller, ex-cantor e guitarrista do The Jam, montou em 1982. A receita de rock, r&b, soul, bossa nova, easy listening, sons latinos e sonoridades herdadas de Beach Boys e Wings agradou de cara, e o disco Cafe bleu (1984) ganhou muitos fãs, graças a hits como My ever changing moods.

O núcleo duro era formado por Paul (voz, guitarra, composições) e Mick Talbot (teclados, ex-Dexy’s Midnight Runners), mas Steve White (bateria) e Dee C. Lee (vocais, esposa de Weller de 1987 a 1997) também podiam ser considerados membros. Dee, de fato, transformou o grupo num trio, no (excelente e incompreendido) Confessions of a pop group, último disco do Style Council, de 1988, já que ela aparece até nas fotos da capa e do encarte.

Eu sou defensor (e geralmente ninguém concorda comigo) de que os dois últimos discos do Style Council são os melhores. The cost of loving (1987), o terceiro, era basicamente um álbum de r&b, funk e soul tocado por uma banda de rock, que deu bastante peso a esses estilos musicais. Confessions, que encerrou a carreira discográfica do grupo, tinha um lado A belo, delicado e orquestral, que muita gente compara ao Pet sounds, dos Beach Boys. Mas o lado B era uma continuação melhorada de The cost of loving, com temas ligados ao soul, ao rock e ao jazz, além de uma queda para o progressivo dançante a la Another brick in the wall, do Pink Floyd, na faixa-título, de dez minutos.

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A carreira do Style Council não terminou aí. Em 1989, numa época em que o rock britânico estava impregnado de influências dançantes, lá vinham Weller, Talbot e Dee com a gravação de um disco novo, influenciado por house music (especialmente o subgênero deep house). Modernism: a new decade, que seria o quinto disco do Style Council, era avançado e diferente demais levando em conta o que a banda vinha fazendo, justamente por ter tais influências.

A Polydor, gravadora deles, já estava em guerra com Weller por causa de desentendimentos musicais e baixas nas vendagens. Com a chegada de Modernism aos ouvidos dos executivos, não teve jeito: o álbum foi engavetado e o relacionamento com o selo azedou de vez.

“A gravadora não gostou, eles odiaram na verdade! Eles não entendiam nada. Eles acharam só que seria o último prego no caixão da minha carreira. Foi por isso que nos separamos. Mas você sabe, às vezes você está à frente do jogo e às vezes as pessoas não entendem, e isso é apenas uma daquelas coisas que você tem que aceitar e continuar”, explicou ele num papo com o The Quietus, lembrando que na época, ficou fã de house music, mas que quando o estilo ficou famoso, já havia passado a escutar outras coisas.

Modernism não era exatamente um disco anti-comercial ao extremo, do tipo de ganha fama de suicídio comercial. Mas ficou sobrando na discografia da banda, e foi engavetado até que o Style Council resolvesse soltar a caixa The complete adventures of Style Council, em 1998, com o disco fazendo parte dela. Em 2001, ele saiu em separado.  Em 2017, saiu até em vinil. Nas plataformas, ele pode ser encontrado como parte da versão digital da tal caixa.

Tem uma playlist com as músicas no Spotify e outra no Deezer, incluindo o único material que chegou a sair da fornada de músicas de Modernism – a versão de Promised land, do DJ Joe Smooth.

(pauta roubada do amigo João Pequeno)

 

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