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Quando o S’Express levou Sly Stone para a dance music

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Hoje o britânico Mark Moore é jornalista e produtor, além de DJ e criador do grupo de dance music S’Express – sucesso no fim dos anos 80, na onda de “acid house” (lembra?). Mark é praticamente um militante da música eletrônica, com artigos publicados em jornais e entrevistas feitas com vários artistas.

Não faz muito tempo, o site Louder Than War pôs Mark contra a parede e perguntou a ele quais foram os 15 discos mais importantes de sua adolescência. A lista tinha Siouxsie & The Banshees (The scream), Talking Heads (Remain in light), Buzzcocks (Another music in a different kitchen), David Bowie (Young americans) e, como não poderia deixar de ser, um disco de Sly & The Family Stone, Life.

Não foi à toa que um dos primeiros hits do S’Express, no disco Original soundtrack (1989), foi uma regravação moderninha de Music lover, de Sly & The Family Stone, rebatizada como Hey music lover.

Sly & The Family Stone era uma paixão antiga de Moore, um cara que passou uma infância bizarra assim que a mãe, uma coreana, se divorciou de seu pai e abriu falência (era dona de uma imobiliária). Num papo com o The Guardian, ele lembrou que começou a ouvir discos de punk rock aos 10 anos, com o irmão, e que os dois batiam nas portas de Sid Vicious e John Lydon, rezando para os integrantes dos Sex Pistols estarem em casa. Um dia calhou de Sid e sua namorada Nancy Spungen, totalmente chumbados de heroína, receberem os dois irmãos.

“Sid era adorável, muito dócil. Achamos que eles estavam virados da noite anterior: ‘Por que estão com tanto sono?’. Tinhamos uns 14 anos, nem sabíamos de nada”, lembrou Moore, que saiu de lá com roupas de Vivienne Westwood e calças, dadas pelo casal. “As pessoas vêm lá em casa e experimentam as roupas às vezes. Bobby Gillespie foi um deles”, contou. Logo, Moore virou DJ e passou a enlouquecer amigos punks com uma seleção que incluía disco music, Joy Division, Gary Glitter, Demis Roussos e até discos de Julie Andrews.

Moore virou uma espécie de consultor do selo de dance music Rhythm King Records e como deu palpites bacanas, conseguiu gravar o primeiro disco – o tal do Original soundtrack, concebido ao lado do programador e engenheiro de som Pascal Gabriel e de Jocasta (percussão, voz), Mark M (engenheiro de som), Mark D (trompete, barulho, “fator boogie”) e Michelle (sopros e voz).

O conceito do disco do S’Express era bastante maluco para um ex-punk. “Eu queria fazer com a discoteca o que os caras do hip-hop haviam feito com o soul: picar e remontar tudo. Você deveria odiar disco music na época, mas eu adorava”, disse ao The Guardian.

Numa entrevista ao site MusicRadar, Moore lembrou que a versão de Music lover foi uma colagem.

“Foi como construir músicas de todas essas peças diferentes. À medida que fui ficando mais confortável  com isso, adicionei mais das minhas próprias coisas, em vez de confiar apenas nas amostras”, contou. “Eu estava obcecado com Sly e The Family Stone. Eu sempre os amei, especialmente no show de Woodstock. Eu amava o jeito que eles se vestiam, o jeito que eles soavam, o fato de serem multi-raciais. Eu amo o fato de Sly ser um gênio torturado”, contou.

Na faixa, Moore usou os serviços da cantora alemã Billie Ray Martin, do grupo Electribe 101. Por causa do sucesso de Hey music lover, os jornais e as gravadoras começaram a se interessar pelo Electribe, que vinha de um single sem expressão, Talking with myself.

E quem também estava nos vocais era Eric Robinson, co-autor de Dance (Disco heat), sucesso de Sylvester.

E olha aí o Theme from S’Express, outro hit do grupo nos anos 1980. Aumenta o som aí.

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