Cultura Pop

Quando o Autograph, uma banda da antiga URSS, tocou no Live Aid

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Entre as ideias do Live Aid, o festival criado por Bob Geldof para arrecadar dinheiro para a Etiópia, estava a de ser uma espécie de “jukebox global”. Bom, nem acabou sendo tanto. Foram apenas dois shows de verdade, um em Londres e outro na Filadélfia, com quase 90 mil pessoas assistindo ao vivo. Mas ainda rolaram links de apresentações em países como União Soviética, Canadá, Japão, Iugoslávia, Áustria, Austrália e Alemanha Ocidental.

Os tais shows em outros países deixaram algumas lembranças muito boas – o Oz For Africa, na Austrália, por exemplo, foi um apanhado de bandas que estavam em curva ascendente, como o INXS e o Australian Crawl, além de atrações bem conhecidas do local, como o Men At Work. E ainda tinha uma curiosidade inesperada: como tinha um link com a URSS, ia rolar uma banda soviética na parada. Era o Autograph.

O Autograph, uma inusitada banda de rock progressivo da União Soviética (comparada ao Genesis e a imitações como Premiata Forneria Marconi e Marillion por alguns espertinhos) apresentou-se transmitida ao vivo de Moscou, direto nas telinhas de mais de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. Tocou duas canções, o reggae-prog Nam nuzhen mir e, abrindo, a newavizada Golovokruzhenie, marcada por um sintetizador com sons de marimba (!). Por causa deles, a URSS entrou no racha das transmissões do evento, guardou tudo e editou pra exibir depois.

 

 

Um detalhe curioso (e que você confere neste vídeo) é que pouco antes do Autograph aparecer na TV e mostrar todo o esplendor de seu progressivo derivativo, a transmissão brindou os americanos e ingleses com imagens de colhedores de uvas da Bulgária em pleno dia de trabalho. Era um filme mudo, que foi exibido por cerca de dois minutos por engano, com o som do Autograph de fundo. Diz a lenda que, no começo, tanto a galera que cuidava da transmissão na Inglaterra quanto a turma dos EUA, demoraram para perceber que havia algo de errado e realmente acharam que aquilo era como a União Soviética entendia um evento pop. Consertaram a cagada a tempo.

O Autograph tinha começado em 1979 e fez sucesso no primeiro festival de rock da URSS. Se a música era bastante derivativa, as letras (segundo testemunhas e falantes de russo) não eram exatamente um primor. Mas o grupo teve até uma oportunidade bem interessante alguns anos depois do Live Aid: foram contratados pelo empresário de Frank Zappa, Herb Cohen, e lançaram um disco para o mercado internacional. Só que Tear down the border, o tal disco, foi lançado em 1991, quando a banda já nem existia mais.

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