Cultura Pop

Quando Mary Wilson (Supremes) virou artista solo

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Mesmo no auge da carreira, durante os anos 1960, as Supremes nunca foram uma formação das mais estáveis. Diana Ross e Mary Wilson, que saiu de cena na terça (9), foram as mais estáveis desde a época das Primettes (1959), embrião do girl group. Até que Diana – tida pela gravadora Motown como a mais carismática e talentosa das Supremes – deixou o grupo para investir em sua carreira solo.

Mary ficou inicialmente com Jean Terrell e Cindy Birdsong, e até 1977 as Supremes foram um trio no qual gravitaram também cantoras como Scherrie Payne e Lynda Laurence. Em meio a isso, saíam discos fenomenais, como o trio de álbuns gravados ao lado do Four Tops (em 1970 e 1971). E New ways but love stays (1970), no qual Mary, Cindy e Jean atendiam ao chamado da psicodelia às suas maneiras, relendo de Beatles (Come togehter) a Simon & Garfunkel (Bridge over troubled water) e apresentando novidades como Stoned love. Esta, um apelo à paz e ao fim da Guerra do Vietnã, que quase foi censurado em algumas emissoras porque entenderam que as meninas estavam falando sobre “amor doidão” (mas o significado do título era “amor de pedra”, mesmo, significando algo sólido e inquebrável).

A carreira das Supremes foi rolando durante os anos 1970, apesar da magia não ser mais a mesma dos tempos idos. Berry Gordy Jr., dono da Motown, foi sugerindo mudanças na formação, que passaram a não ser mais atendidas a partir do momento em que Pedro Ferrer, o novo marido de Mary, passou a empresariar o grupo. O livro The Supremes: A saga of Motown dreams, success and betrayal, de Mark Ribowsky, diz que Pedro não foi muito bem aceito nem pela Motown nem pelas outras garotas do grupo – em especial por não ter experiência no ramo.

Pedro ficou no cargo até 1977 e ele e Mary divorciaram-se em 1981 – anos depois, a cantora reclamou de ter sofrido abusos durante o casamento e de não ter percebido “a natureza violenta” do ex-marido. Entre um acontecimento e outro, teve o primeiro disco solo da cantora, Mary Wilson, lançado pela Motown em agosto de 1979 e que foi um mergulho bem interessante na finaleira da onda disco. Mas que acabou não sendo um álbum tão conhecido.

Mary Wilson deveria ter sido produzido por Marvin Gaye, mas o cantor estava ocupadíssimo com seus próprios trabalhos e com seu divórcio (que rendeu o disco Here my dear, de 1978) e não pôde ficar com o trabalho. Hal Davis, um ex-produtor das Supremes (e de The Jacksons e Diana Ross), pegou a tarefa. O contrato solo de Mary saiu numa época de guerra com a Motown, em que ela, o marido e Berry Gordy discordavam cada vez mais de assuntos ligados às Supremes.

“Hal contratou alguns jovens autores e as músicas que eles criaram eram simplesmente perfeitas – é quase como se eu as tivesse escrito sozinha! Na verdade, Hal e eu selecionamos exatamente as mesmas músicas das que foram apresentadas”, afirmou Mary na época do disco. A dupla contratada foi Frank Busey e John Duarte, que acabou fazendo todas as músicas. O grande hit, Red hot, tinha mais de seis minutos.

Em 28 de agosto de 1979, Mary fez seu debut solo na New Yok New York Disco Club em Manhattan. Diana Ross até participou da apresentação (e claro que hits das Supremes apareceram aqui e ali).

Apesar de Mary ter assinado para gravar dois discos por ano em cinco anos, a coisa não andou e a Motown acabou encerrando o contrato dela com um disco lançado e mais quatro faixas gravadas. Mary Wilson virou uma pérola perdida na transição da disco para outras vertentes pop e ela só voltou a gravar solo em 1992, com Walk the line. Dois dias antes de morrer, Mary afirmou que estava trabalhando com a Universal no relançamento expandido do disco, incluindo as faixas descartadas gravadas para o segundo disco da Motown, e que o relançamento poderia sair em 6 de março, seu aniversário.

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