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Quando lançaram um disco ao vivo no CBGB’s sem Ramones, Blondie, Talking Heads…

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Quando se olha a capa do disco Live at CBGB’s – The home of underground rock, lançado em 1976, a única pergunta que vem à mente é: “Cadê Ramones, Talking Heads, Blondie, Television e outras bandas reveladas pelo clube de música novaiorquino nos anos 1970?”. Em vez deles, olha aí o time escalado, na base de uma ou duas faixas para cada: Tuff Darts, The Shirts, Mink DeVille, The Laughing Dogs, Manster, Sun, Stuart’s Hammer e The Miamis.

O disco acabou sendo o único lançamento do selo CBGB & OMFUG (nome completo da casa: “Country, Bluegrass, and Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers”). A gravadora foi montada pelo dono do CBGB’s, Hilly Kristal, e o LP duplo depois foi reeditado pela Atlantic. Das bandas incluídas, poucas conseguiram sucesso de verdade e nenhuma se tornou um grande nomão do rock ou especificamente do punk. E, sim, faltavam as bandas que estavam prestes a fazer sucesso de verdade.

Tem uma razão para que essas bandas não estivessem aí. Aliás algumas razões. Na biografia Vidas paralelas, do Blondie (escrita por Kris Needs e Dick Porter), o produtor e executivo de gravadora Craig Leon lembra que foi procurado por Kristal com a ideia de produzir um disco ao vivo do CBGB’s – o dono da casa faria um festival e arrumaria um caminhão com um equipamento. Em um mês inteiro, não só a turma que foi pro disco, como também nomes como Blondie, Patti Smith, Television, Talking Heads, Ramones e até o ex-Velvet Underground John Cale foram gravados. Além do material que foi para o álbum duplo, há todo um disco perdido que nunca foi feito porque Hilly nunca conseguiu qualquer autorização das bandas envolvidas.

“Nova York era muito violenta naquela época. Todos eram implacáveis. Todos diziam: ‘Não quero me misturar com eles’, a despeito do que dizem hoje. O Talking Heads não queria parecer que estava na mesma cena que o Blondie. Patti Smith e Debbie Harry não queriam ficar juntas no mesmo ambiente”, recordou Leon, lembrando que todas as grandes bandas assinavam com grandes gravadoras e que algumas delas estavam meio que viajando na maionese – tipo os Ramones se achando os Bay City Rollers e o Television vendo a si próprios como o novo Grateful Dead.

“Eles diziam: ‘Não sabemos nada dessa comunidade underground, nós somos nós’. Todos eles tentaram não ter seu material lançado no álbum Live at CBGB’s. Eles conscientemente disseram não – todos estavam assinando com diferentes selos (…). Ficou um lixo, porque todas as bandas boas não foram incluídas”, continuou Craig. “Eu veria aquilo como um conjunto de gravações muito importante, se o todo estivesse intacto, em vez do que foi lançado. É como quando acham um livro da Bíblia ou os Manuscritos do Mar Morto e algumas páginas estão faltando”.

Opa, o disco está no Spotify. Vale pelo menos conhecer as bandas.

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