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Quando Guy Picciotto (Fugazi) cantou enfiado numa cesta de basquete

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Vinda de Washington DC, a banda punk Fugazi não mexeu no time durante quase todo o tempo que existiu. Começaram em 1987 e em 1988 já estavam com a formação que perdurou até o fim, em 2003: os guitarristas e vocalistas Ian MacKaye e Guy Picciotto, o baixista Joe Lally e o baterista Brendan Canty.

O apego às bases punk não ficava só no tipo de som. O Fugazi sempre procurou evitar contato com a alta indústria fonográfica. Manteve-se independente durante toda a sua carreira, lançava discos por preços acessíveis e mantinha os ingressos dos shows num patamar que facilitasse as coisas para todos os fãs. Quase toda a discografia do grupo saiu pelo selo montado por Ian MacKaye, a Dischord.

Discos como a (excelente) estreia Repeater conseguiram alcanças vendagens animadoras (300 mil cópias) mesmo sem grandes esquemas de promoção. Na real, Repeater fez sucesso a ponto da Atlantic Records, então animadíssima com o novo indie norte-americano e com a onda grunge, ter oferecido mais de dez milhões de dólares e “o que mais você quiser” para que a banda assinasse com eles. O grupo não aceitou a oferta.

Se você nunca ouviu Repeater, é o disco da boa Turnover, que o grupo aparece tocando ao vivo aí embaixo, em 1991.

O Fugazi também era uma banda que tinha preocupações, er, bem sui generis. Em certos shows, a banda dispensava seguranças e cuidava eles mesmos da plateia. “Não gostamos de usar segurança. Se pudéssemos evitar a segurança, os melhores shows para nós seriam aqueles em que poderíamos simplesmente ter um acordo com a multidão”, contou Picciotti nessa entrevista aqui. “Às vezes, quando nossos shows ficavam maiores, era mais difícil de fazer. Mas, como banda, sentimos a responsabilidade de cuidar das pessoas que vieram nos ver”.

De fato, para o fã comum desse tipo de som devia ser complicado de entender uma banda que não curtia que o público fizesse slam dancing e outras formas meio violentas de dança na plateia. “Queríamos que as pessoas dançassem, queríamos que as pessoas caíssem dentro, queríamos que a energia na sala fosse alta. Mas também não queríamos que quatro ou cinco pessoas na multidão ditassem a experiência para todos os outros na sala. Shows nos anos 80 e 90 poderiam ser bastante violentos, e havia muitas facções diferentes na multidão”, contou o vocalista.

O Fugazi já esteve no Brasil algumas vezes. Olha eles aí em 1997 em Belo Horizonte. Ao que consta, Ian MacKaye ficou meio aborrecido com alguns hábitos bizarros dos fãs brasucas, que berravam “fuck you!” a todo momento.

E abaixo, você confere um dos momentos mais animalescos da banda num palco: o dia em que Guy abandonou a guitarra e se enfiou dentro de uma cesta de basquete para cantar. Foi numa das primeiras apresentações da banda com a formação oficial, em 1988, num ginásio na Filadélfia. Além da foto lá de cima, tem vídeo.

A cena foi resgatada para um documentário sobre a banda lançado em 1999. E quem assistir ao vídeo acima, pode ficar tranquilo, porque foi poupado do final. “É melhor que as pessoas não saibam o que aconteceu comigo. Porque a maneira como tudo terminou não foi muito graciosa”, contou Guy. “Não caí de cabeça, eu meio que escorrego para os pratos. O que me estragou é que subi ali e instantaneamente doeu como o inferno. Eu consigo me lembrar dos meus pés atrás da tabela realmente doendo”.

E já que você chegou até aqui, pega o Fugazi em Curitiba em 1994. Show na íntegra.

Foto lá de cima de Sean Gustillo

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