Cultura Pop
Quando Ana Maria Braga ensinou a transformar LPs em fruteiras
Nos anos 1990, quem viveu a época se lembra, vinil não era exatamente um bem de consumo valiosíssimo. Discos que hoje não trocam de mãos por menos de mil reais podiam ser achados por vinte paus, e havia lojas que vendiam LPs a quilo (!). Ao mesmo tempo, coleções de discos de vinil eram vistas, muitas vezes, como nada mais do que lixo acumulado por vários e vários anos. E foi nessa que inúmeros LPs raros (ou que futuramente seriam considerados raros) acabaram sendo vendidos por trocados.
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E, bom, foi nessa que Ana Maria Braga, em janeiro de 1996, resolveu apresentar em seu programa Note e anote (na TV Record, onde ela andava por aqueles tempos) um quadro ensinando a transformar aquele LP velho do Arthur Verocai que você não queria mais numa… inocente fruiteira.
Bom, brincadeira: ela não pegou o LP de 1973 do Verocai. Ela e uma convidada derreteram um LP de Rod Stewart (a edição nacional de Every picture tells a story, de 1971, que suscita um singelo “lembra dele?” no diálogo). E um LP do selo Equipe, que a câmera chega a mostrar bem de perto, mas que no vídeo do YouTube aparece distorcido. Se quiser passar horas tentando descobrir que disco é esse, segue o catálogo da gravadora no Discogs.
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Perguntamos para Lucas Vieira, colecionador de LPs e criador do site e canal Disconversa como ele se sentia vendo o vídeo. Lucas diz que não tem interesse em estragar discos para usar como decoração, mas também não é completamente contra quem faz.
“Não vejo problema quando alguém usa um disco que já não serve mais para ser ouvido (empenado, bastante arranhado, trincado) para fazer bolsas, relógios e até fruteiras. O problema para mim é quando a pessoa simplesmente pega os discos por serem antigos e julgam que eles não servem mais para nada e estragam”, diz. “E quanto ao vídeo, cacete, que nervoso de assistir isso. Principalmente a parte que você ouve a frase ‘os discos que estão novos é preciso riscar antes'”