Cinema

Quando a Time Out lançou um pôster de Performance, filme com Mick Jagger

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Se você é muito fã de Mick Jagger e dos Rolling Stones, e tem uma grana que vai de 60 a 125 libras no bolso (60 libras dá mais de 400 reais, avisamos), tá aí uma boa compra pra você. Em 1970, a revista Time Out foi uma das poucas publicações que resolveu comemorar o lançamento de Performance, o primeiro filme de Mick Jagger como ator, dirigido por Nicholas Roeg e Donald Cammell. Lançou um pôster para ser encartado numa das edições, com entrevistas com todo o elenco e algumas fotos do ator principal do filme. Botou Mick também na capa e trouxe reportagens a respeito de sua estreia como ator.

Olha ele aí, à venda (não nos responsabilizamos pela sua compra e não ganhamos nada com isso, só achamos o item legal).

Já falamos de Performance algumas vezes aqui no POP FANTASMA (aqui e aqui). Filmado em 1968 e lançado em 1970 após vários cortes, foi o filme que criou uma briga quase pública de Mick Jagger com Keith Richards, porque Anita Pallenberg, mulher do guitarrista, atuou no filme e apareceu em cenas de sexo bem ousadas com Mick e com outra atriz, a francesa Michele Breton. Também é um clássico da psicodelia dark, o tipo de filme que você assiste já imaginando que aquilo tudo é bastante bizarro – e sexy.

A história é a de um gângster, James Fox (Chas) que precisa desaparecer do mapa, e por vias tortas, acaba indo parar na casa de Turner (Mick Jagger), um rockstar frio, manipulador e decadente que mora com a namorada Pherber (Anita) e a amante dos dois, Lucy (Michele Breton). Começa aí uma relação bem estranha entre os dois, que passam a se influenciar e a trocar de personalidade. O resto só mesmo vendo o filme, que volta e meia entra inteiro no YouTube e some – numa das ocasiões em que foi parar lá, estava sem o sensacional número em que Mick canta sua primeira faixa solo, Memo from Turner. Essa canção, creditada a ele e a Keith Richards, tem Ry Cooder na guitarra.

A tal revista, se você tiver grana pra comprar, traz textos falando que o melhor que Anita trouxe para o filme foi “ela própria” e explicando que ela adorou atuar no filme, apesar de nem ter visto a versão que havia ido para as telas (há rumores que Performance teve uma primeira edição bem mais x-rated, que foi limada). Donald Cammell diz que o filme é sobre um cara “cuja viagem é a violência, isso é comum no dia a dia dele”, e que Chas “é um artista no que faz, é a performance dele”.

A cena em que Chas tem sua cabeça raspada por gângsters e, lógico, a sequência de sexo entre Turner e as duas garotas, ocupam generosos espaços no tal pôster. A equipe de reportagem da revista entrevistou até uma espécie de Dona Solange da Inglaterra, o temido censor cinematográfico John Trevelyan, que disse ter reconhecido que a violência do filme (as fotos do pôster têm sangue para tudo quanto é lado) é grande, mas é justificada. A trilha sonora do filme também tá lá: os trabalhos de Jack Nitzsche, Ry Cooder e do coletivo de poetas afro-americanos The Last Poets, que estão no disco de Performance (sim, saiu um disco com a trilha sonora) também são bastante citados.

Uma curiosidade é que o dinheiro vindo da venda do pôster iria para uma entidade chamada Release, criada por dois pintores, Caroline Coon e Rufus Harris. A ideia da organização era ajudar com amparo legal jovens que haviam sido presos com drogas. O grupo, que teve doações de nomes como George Harrison e John Lennon, surgiu no mesmo ano em que os Stones começaram a ser perseguidos pela polícia, com direito a batidas na casa de Keith Richards e exploração do assunto pelo popular diário News of the world. “O Release é um exemplo de anarquismo organizado”, diz o pôster.

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