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POP FANTASMA apresenta Ravih, “Lanterna”

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Parelheiros, distrito da Zona Sul de São Paulo, faz parte da história da música brasileira. É citada em letras dos Racionais e, segundo o cantor e compositor Ravih, é uma região extremamente rica culturalmente.

“Tem diversos artistas e coletivos sempre produzindo arte nas mais variadas linguagens. Infelizmente, ainda não temos muitos equipamentos culturais e os que existem ficam mais na região do centro. O que dificulta o acesso dos artistas e moradores dos bairros mais distantes”, conta o cantor, que acaba de lançar o single/clipe Lanterna, além de preparar o EP Distância. Ele ainda mora por lá, no bairro de Vargem Grande. “Tem mais de 60 mil habitantes, porém sem nenhum equipamento cultural público”, lamenta.

O SINGLE E O CLIPE

Lanterna saiu propositalmente no dia da consciência negra (20 de novembro). E traz na letra mensagens de resiliência negra e superação, demarcadas pelas referências do afrobeat. Além do verso “a vida é uma vela mas eu sou lanterna”, que aparece na canção.

“A metáfora da vela para mim representa alguém que tem um brilho breve e temporário. Que deixa seus sonhos e propósitos serem apagados pelo sistema, tempo ou pelas adversidades. Já a lanterna, além do brilho mais intenso, quando a bateria acaba, você pode recarregá-la e utilizá-la novamente”, afirma Ravih. “Para mim, ser lanterna significa ser resiliente. Aprender a escolher qual tipo de luz você quer ser. E também a respeitar os nossos momentos de escuridão”.

O clipe foi dirigido por Geovannis, da produtora Canis Filmes, que roteirizou tudo ao lado do próprio Ravih. Tudo foi feito no dia 28 de agosto de 2020 (“seguindo todos os protocolos de prevenção da Covid-19”, afirma) numa clareira sem nome lá mesmo em Parelheiros. “O elenco infantil são meus amigos e alunos na ONG onde leciono. Já a dançarina, Jack Casimiro, nos conhecemos em um sarau da Consciência Negra, exatamente um ano antes do lançamento do clipe”, conta.

IMAGENS FORTES

As imagens do clipe de Lanterna, aliás, são bastante fortes e trazem a encenação de um assassinato por racismo. Um protesto que chegou ao YouTube, por acaso, no dia em que chegaram na TV as imagens do espancamento e morte do cliente negro João Alberto no Carrefour de Porto Alegre, ocorridos um dia antes.

“Ler sobre isso foi terrível, uma dor e revolta imensa!”, conta. “Há numa grande diferença de encenar um assassinato por racismo em um clipe e assisti-lo de fato em rede nacional, cercado por tanto desprezo e desdém das instituições públicas. Confesso que pela manutenção da minha saúde mental, evitei acompanhar detalhes do caso. Mas acabei precisando me informar para saber como abordar o ocorrido com os meus alunos”.

MÚSICA

Ravih começou a se envolver com música na infância, por causa de sua família. “Minha mãe é líder de coral na igreja e me colocou para cantar com a minha irmã desde os quatro anos”, recorda. “Já o meu pai quando jovem foi DJ de baile black e, durante a minha infância, ele apresentava um programa musical numa rádio comunitária, então sempre tivemos muito contato com a música desde cedo na vida. Comecei a compor com 11 anos, depois que meu pai me deu um teclado de presente, no qual eu toco e escrevo músicas até hoje”.

Distância, o EP que vem aí, inclui músicas nas quais ele vem trabalhando há três anos. “As faixas abordam questões como alienação religiosa, relacionamentos abusivos, processo de luto e a descoberta do amor próprio. Os estilos musicais também variam bastante: além do afrobeat de Lanterna, vamos ter dance house, afro-folk e muita black music, como r&b e soul”, diz ele, que na pandemia continua trabalhando presencialmente numa ONG, mas tomando todos os cuidados.

“Criativamente, comecei a me desafiar mais, aprimorando técnicas de canto, composição conjunta e o inglês. Nas horas livres, estou assistindo séries como Atlanta, desenhando e fazendo yoga online”, conta.

Foto: Damaris Belchior/Divulgação

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