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Planet Hemp reclama de biografia; autor e editora respondem

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Pouco antes do Natal, a banda Planet Hemp surpreendeu fãs com uma mensagem reclamando do livro Planet Hemp: Mantenha o respeito, biografia escrita por Pedro de Luna e lançada neste mês de dezembro pela editora Belas Letras. O grupo liderado por Marcelo D2 afirmou que o livro era uma “falcatrua” e que a biografia definitiva da banda ainda estava sendo escrita.

Nesta sexta (28), a produtora Na Moral, que cuida da agenda do grupo, se pronunciou sobre o livro nas redes sociais. Segue o texto.

“Não poderíamos fechar o ano sem essa nota de esclarecimento sobre o livro lançado a respeito do Planet Hemp. Afinal, foi um ano excepcional para o Planet , com um projeto lindo como o Legalize Já – O Filme ganhando o mundo e conquistando prêmios em grandes festivais nacionais e internacionais de cinema, shows lotados em todo o país, 25 anos de banda; enfim, vamos ao motivo da nota…

Em primeiro lugar, ‘biografia definitiva’? Como dizer que essa é a história definitiva de uma banda que está em plena atividade? No mínimo, questionável. A história do Planet Hemp AINDA está sendo escrita!

Segundo ponto: como o livro que conta a trajetória do Planet Hemp pode se basear em apenas UMA conversa com o protagonista de tudo, o Marcelo D2? E pior, como simplesmente ignora a versão de pessoas tão fundamentais como BNegão, Black Alien, Fernando Gabeira, Marcello Lobatto, Maria Juçá (Circo Voador), Eddie (produtor da banda há mais de 10 anos), entre tantos outros. Claro que houve muitos relatos de personagens importantes e queridos por todos nós, mas, como ‘esquecer’ peças tão cruciais?!

Apoiamos o autor e fomos surpreendidos com uma grande colcha de retalhos de inverdades. Quando recebemos o livro e iniciamos a leitura ficamos em choque e após várias mensagens de integrantes da banda, figuras importantes do mercado musical e do próprio D2, decidimos que o mais honesto a se fazer seria compartilhar com vocês o nosso parecer.

Bom, para quem quiser ver boas fotos de acervo e ler sobre o ponto de vista de coadjuvantes, boa leitura. Agora, se você espera conhecer com profundidade e fidedginidade o que é a essência do Planet, não perca seu tempo”.

O CEO da editora Belas Letras, Gustavo Guertler, e Pedro de Luna, que tem também no currículo livros como Brodagens – Gilber T e as histórias do rap e do rock carioca, responderam ao pronunciamento da Na Moral.

“A Na Moral Produções, empresa que administra a carreira do Planet Hemp, largou hoje (28.12.2018) uma nota em que critica a publicação da biografia Mantenha o respeito que, segundo ela, ‘é uma colcha de retalhos de inverdades’ (sem citar quais seriam elas) e esquece de ouvir ‘peças cruciais’ da história da banda.

É importante deixar claro o seguinte:

Dos ex e atuais integrantes da banda e funcionários, o autor do livro entrevistou as seguintes pessoas:

Apollo (ex-tecladista da banda) – Entrevista gravada

Bacalhau (ex-baterista) – Entrevista gravada

Black Alien – Entrevista gravada

Formigão (baixista da banda) – Entrevista gravada

Eduardo Vitória ‘Jackson’ (ex-roadie e guitarrista da banda) – Entrevista gravada

Felipe Casqueira (ex-produtor de estrada da banda) – Entrevista gravada

Kadu Carlos (primeiro roadie) – Entrevista gravada

Kleber França (técnico de PA) – Entrevista gravada

Marcelo D2 (vocalista) – Entrevistas gravadas

Marcello Lobatto (empresário da banda e responsável pela nota contra a biografia) – Entrevista gravada

Mario Caldato Jr (produtor dos discos da banda) – Entrevista gravada

Pedro Nicolas (ex-tour manager da banda) – Entrevista gravada

Ronaldo Pereira (primeiro empresário da banda) – Entrevista gravada

Seu Jorge (ex-percussionista) – Entrevista gravada

Zé Gonzales (ex-DJ da banda) – Entrevista gravada

Rafael (ex-guitarrista da banda) – Entrevista gravada

Renata Lopes (ex-funcionária da Na Moral Produções nos anos 1990) – Entrevista gravada

Bruno Pederneiras (atual guitarrista) – Entrevista por e-mail

Daniel Ganjaman (ex-guitarrista e tecladista) – Entrevista por e-mail

David Corcos (ex-roadie e produtor de músicas da banda) – Entrevista por e-mail

Germany Ribeiro (técnico de monitor da banda) – Entrevista por e-mail

Pedro Garcia (atual baterista) – Entrevista por e-mail

BNegão, que o autor considera realmente peça muito importante na história da banda, foi procurado por mais de uma vez; no entanto, não foi possível ouvir o seu depoimento por conta de incompatibilidade de agenda do artista. Claro que é uma ausência importante, mas o autor entendeu que o material reunido já era mais do que suficiente para contar a história da banda. Aguardar mais tempo por BNegão seria falta de respeito com quem encontrou espaço na sua agenda para colaborar. Se mais alguém ficou de fora e considerou que deveria estar no livro, pedimos desculpas pela omissão, que certamente não foi voluntária.

Os áudios das entrevistas gravadas estão bem guardados com o autor e a editora e estão totalmente disponíveis para a imprensa.

O livro tem 496 páginas; dezenas de fotos inéditas de bastidores, e 116 pessoas participaram de sua produção, seja como entrevistados, seja cedendo fotografias ou documentos. Ao contrário da produtora, que chama essas pessoas de coadjuvantes, entendemos que elas são, sim, cruciais na história da banda. Este é o nono livro de Pedro de Luna, que viveu a cena do rock e do skate dos anos 90 e 2000 no RJ. Segundo o próprio D2 escreveu na sua dedicatória ao autor: ‘Pedro, só você poderia escrever essa história. Obrigado’. O objetivo foi sempre ouvir todos os lados da história, buscar a verdade sobre a banda com isenção e imparcialidade. Nesse projeto, Pedro se uniu à editora Belas Letras, que publicou, entre outros, as biografias de Anthony Kiedis (Scar tissue), Paul Stanley (Uma vida sem máscaras), os livros de Neil Peart, Nasi, Ultraje a Rigor, Humberto Gessinger, entre outros, e ainda vai publicar ano que vem a biografia de Bob Marley mais bem avaliada pelos leitores na Amazon.

Em nenhum momento, ao contrário do que a nota insinua, ficou combinado que o autor permitiria acesso ao que estava sendo escrito para o empresário da banda, muito menos que ele coordenaria ou aprovaria o conteúdo. Não faria sentido nenhum a história do Planet Hemp ser submetida a qualquer censura do empresário, que tem seu próprio ponto de vista sobre os fatos – que não é o mesmo ponto de vista de outros integrantes da banda, é importante registrar. A ideia era contar a verdade nua e crua, doa a quem doer. A nota da empresa produtora da banda (que também administra o perfil da banda, e compartilhou as postagens nas páginas do Planet) só fortalece essa ideia.

Aos leitores, informamos que a biografia vai continuar sendo vendida e não será alterada, salvo se algum leitor identificar erros de informação, que serão corrigidos em próximas edições. Seria uma contradição que um empresário de uma banda que lutou a vida inteira pela liberdade de expressão tentasse desmerecer ou mesmo impedir a venda de uma biografia do Planet simplesmente porque ele não gostou do espaço que ocupa nela.

A história de uma banda não pertence ao empresário da banda. Ela é de todos que a construíram, no palco ou na plateia. E ninguém pode decidir qual é a história certa. Não vai ser o empresário da banda que vai dizer se ela é boa ou ruim (principalmente se ele achar que deveria ter ocupado mais espaço na história), se é completa ou não, mas o leitor. Temos a convicção de que fizemos o melhor que podíamos pelo Planet, todo mundo aqui queimou até a última ponta para entregar a história mais f* de todas para o leitor, a história que todo fã de verdade merece ler, não uma história chapa branca controlada por ninguém.

Gustavo Guertler, CEO na Belas Letras, e Pedro de Luna, jornalista e escritor”.

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