Pexera HC: hardcore, punk, metal, luta e poesia em disco de estreia

Vinda do mitológico Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife (que é terra de bandas como Devotos), a banda de hardcore Pexera HC estreia com Pexera, um disco de quinze minutos e sete faixas, todas bem curtas e diretas, com títulos como Caça aos homens de bem, Ladrão, Presidente e Vão me matar. Se hoje há várias bandas e artistas lançando discos que recordam os tempos da pandemia, o Pexera HC é uma banda de pandemia: uniu-se em 2022 e, entre elementos de estilos raivosos como punk, hardcore, crossover, melódico, grind e metal, fala sobre os desmandos do governo anterior, negligência, fascismo e outros temas (infelizmente) recentes. As faixas também recordam nomes importantes da nossa história política social como Mariele Franco e Carlos Marighella.

“Tem aquele ditado que diz que brasileiro tem a memória curta. E estamos aqui pra lembrar a todos que tivemos um governo irresponsável. Deixar de falar disso é passar pano pra fascista”, comenta o vocalista e guitarrista Erison Silva. “As composições foram todas feitas no meu quarto, num calor da miséria. Depois de um ano de ensaios, resolvemos gravar no estúdio Palco”, complementa, citando o nome de um estúdio conhecido no Recife, onde o álbum foi gravado entre 2022 e 2023.

O grupo tem influência de bandas como Ratos de Porão e Sepultura (“dá pra sentir nos solos”, diz Erison). Além do som, o trio também faz parte do coletivo Fervo, que vem movimentando culturalmente bairros como o Alto José do Pinho e a Mangabeira, na zona norte do Recife. Tanto que Pexera termina com a poesia O oco, de Jailson de Oliveira, professor, ator e criador do grupo/movimento Poesis, que trabalha com luta política pela comunidade local, sempre através da arte, como o teatro, a dança e a poesia. “A Pexera HC tem como iniciativa levar junto a poesia da periferia de onde vive. Esperamos que isso seja feito em todo novo disco que lançamos”, comenta Magno Fox, baixista do trio.