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Percy: aquela vez em que os Kinks fizeram a trilha de uma comédia sobre transplante de pênis

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A história de Percy, o filme (1971), é (digamos) estrepitosa. Um cara peladão cai de um prédio e atinge um sujeito, Edwin (o ator galês Hywel Bennett) que passava pela rua carregando um lustre.

Edwin, coitado, tem seu pênis mutilado no acidente e precisa passar pelo primeiro transplante de pênis do mundo (!). Só que o pênis que ele ganha é justamente o do bem-dotado (e garanhão) peladão que caiu do prédio. E por acaso, os médicos não contam a origem do membro para ele.

Em seguida, Edwin começa a viver uma vida bastante parecida com a do cara que, er, lhe deu o pênis novo. Ou seja, vira o maior garanhão da paróquia. Depois disso, num ataque de quinta série explícita, começa a chamar seu novo aparelho reprodutor de “Percy”. Edwin vai nessa, curtindo a vida adoidado com várias amigas do cara. Até que começa um relacionamento com a viúva do tal sujeito.

A novidade é que essa, er, obra-prima do cinema britânico, dirigida por Ralph Thomas, está inteirinha no YouTube. Sem legendas em português, mas tá lá.

E um lance interessante sobre Percy é que a trilha sonora do filme foi feita por ninguém menos que os Kinks. O disco com as músicas eram o nono álbum da banda e o que representaria o fim do contrato do grupo britânico com o selo Pye.

O disco com a trilha de Percy trazia algumas diferenças na obra dos Kinks. Em primeiro lugar, ele unia canções mais pop a faixas instrumentais, numa fase em que a banda estava fazendo diversos discos conceituais. Também trazia, pela primeira vez na história da banda, um integrante que não era Ray ou Dave Davies cantando. O baixista John Dalton fazia sua melhor imitação de Elvis Presley em Willesden Green.

Percy não representou a volta dos Kinks às paradas. Aliás, a banda já vinha saindo delas há um tempo, mesmo com discos excelentes e sucessos como Lola (1970, que por sinal vazou para a trilha de Percy, mas em versão instrumental). O grupo conseguiu voltar a fazer certo sucesso nos EUA por volta dessa época. Anteriormente, a banda havia ficado proibida de se apresentar no país entre 1965 e 1969, supostamente após uma briga com um produtor do programa de TV do americano Dick Clark.

Uma curiosidade interessante: Percy foi baseado numa novela do escritor inglês Raymond Hitchcock, pai do cantor e compositor Robyn Hitchcock. Robyn foi líder da banda neo-psicodélica Soft Boys e tem carreira solo extensa desde os anos 1980. A produtora do filme, Betty E. Box, lembrou em entrevistas que riu feito uma louca quando folheou o livro. A produção acabou sendo o oitavo filme mais popular nas bilheterias britânicas em 1971. Aliás, esse sucesso foi bem vindo, já que a equipe gastou uma grana preta de direitos autorais por causa do livro de Hitchcock.

E se deu certo, por que não fazer uma continuação? Olha aí Percy progress, lançado em 1974, com Leigh Lawson fazendo o papel principal (sendo que Edwin passou a ser chamado de “Edward” e “Percy” virou um apelido do personagem). Aliás, o tema dessa sequência é bastante atual para quem vive no Rio de Janeiro: a água do mundo fica contaminada de uma hora para a outra, com um produto químico que deixa todos os homens impotentes. Menos Percy, que estava foragido da justiça porque andou se divertindo com um monte de mulheres casadas, e não estava bebendo água.

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Com infos do livro God save The Kinks, de Rob Jovanovic

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