Crítica
Ouvimos antes: Pablo Lanzoni – “Aviso de não lugar”
RESENHA: Pablo Lanzoni canta sonhos, perdas e utopias no disco viajante Aviso de não-lugar, que mistura poesia, folk, britpop e outros estilos.
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Com vários universos e épocas reunidas num só disco, Pablo Lanzoni fala, no álbum Aviso de não lugar, de sonhos do dia a dia, das utopias que a gente vai construindo na mente, e os desejos de alçar voo e ir além da realidade. Isso tudo surge especialmente na faixa-título, um indie folk idealista, sonhador e contemplativo feito ao lado do poeta Richard Serraria.
O “não-lugar” do título permeia o disco, dando espaço – nessa era cheia de coaches prometendo vitórias – ao herói torto de Meu anti-herói, música de sons fantasmagóricos e climas herdados do Radiohead e do pós-britpop. E também a Porto, balada climática sobre os problemas urbanos de Porto Alegre – e sobre como muitas vezes o próprio lugar que a gente conhece não é percebido na sua integridade pelas pessoas que mais deveriam cuidar dele.
Aviso de não-lugar é um disco que pode ser tranquilamente colocado na gaveta da “MPB”, esse termo no qual cabe de tudo. Mas vai para lados bem diversos, como no tango percusssivo e cheio de texturas de Bataclã, na MPB pop anos 1990 de Coca-Cola e no blues post-rock de Bebo a beijo, dividido com Stephanie Soeiro – e cuja letra fala sobre as experiências nada imersivas que temos no dia a dia. É também o disco de Substância, samba-rock de ritmos pouco usuais. E de Correnteza rio abaixo, um curioso britpop que chega a evocar Beatles e Suede, enquanto fala de perdas do dia a dia, e de coisas inevitáveis.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: Aviso de não-lugar vai estar nas plataformas digitais nesta sexta (8 de agosto de 2025). Ouça antes aqui.