Crítica
Ouvimos: Zé Nigro, “Silêncio”
- Silêncio é o novo álbum do músico, compositor e produtor Zé Nigro. Ele traz releituras de faixas lançadas anteriormente no disco Apocalip Se, sua estreia (2021). O álbum tem colaborações com Arthur Verocai, Russo Passapusso, Fernanda Broggi, Saulo Duarte e Souto MC.
- “Enquanto meu primeiro disco carregava uma necessidade de transformação pessoal – consequência do isolamento de 2020 –, este novo projeto propõe uma conexão com as participações que trazem outras personalidades para o trabalho, assim como uma ligação mais profunda com a natureza”, diz.
- “Gosto muito dessa diversidade estética que o álbum traz, percebo dois momentos nele: um lado dia (A) e um lado noite (B). Como produtor musical sou influenciado por muitos tipos de música, não tenho preconceitos estéticos, o que me permite transitar por vários estilos ao mesmo tempo”, continua.
Silêncio, novo álbum de Zé Nigro, não é um disco totalmente novo – o material consiste em releituras de seu primeiro álbum, Apocalip Se (2021), só que com participações especiais e mais camadas musicais acrescentadas nas canções. Lado a lado com as músicas relidas, aparecem algumas canções novas, que já vinham sendo recriadas e rearanjadas a partir dos shows.
O álbum soa como uma mistura de MPB orquestral com uma espécie de neo-soul livre dos clichês do estilo. É o que aguarda o ouvinte na nova versão de Gorjeios, com Arthur Verocai nos arranjos – uma música com ritmo herdado do jazz e próxima de uma noção quase espacial de música brasileira. Faixas como Calor e Andarilha das galáxias (com rap de Souto MC) são trilhadas num corredor em que há elementos eletrônicos, mas a sonoridade parece herdada direto dos discos de soul e funk dos anos 1970. O mesmo rola na versão que Zé Nigro fez de Reaction, música de Bob Marley, que ganha tom meio doo wop, meio reggae, além de um leve clima psicodélico.
Entre novidades e regravações, Silêncio traz sons que realmente parecem ter vindo dos anos 1970 (Trincheira, com Saulo Duarte, é quase um lado B do Azymuth), um trip hop com acento samba (Nem um pio vs. Silêncio, gravado ao lado de Russo Passapusso). Dois momentos especiais no disco são duas vinhetas ambient, Silêncio e Caossonância, que acrescenta sintetizadores a um sample de orquestra do álbum Memória das águas, do músico Fernando Falcão (1981).
Nota: 8
Gravadora: Nublu Records
Lançamento: 17 de outubro de 2024.
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