Crítica
Ouvimos: Whatever The Weather, “Whatever The Weather II”
Qualquer que seja o tempo (ok, isso é um trocadilho bem boboca) o Whatever The Weather estará preparado para fazer sua trilha sonora. O projeto criado pela DJ e produtora britânica Loraine James acaba de lançar seu segundo álbum, e a ideia em geral é bastante criativa: cada faixa dos dois discos do WTW tenta colocar em música uma determinada temperatura, em graus Celsius.
No primeiro álbum, o ouvinte conhecia a sonorização de gradações severas como 0ºC, 28ºC (“sol intermitente”, avisa Lorraine), 6ºC, 4ºC e 2ºC (“chuva intermitente”). Continua tudo na mesma base: as temperaturas bizarras de 1ºC, 3ºC e 18ºC abrem o disco em clima de transmissão cheia de estática (e bom… a sensação não é exatamente a de precisar botar um agasalho). Já 20ºC, verdadeiro clima de montanha em se tratando do Rio de Janeiro, soa como se o dia começasse e o sol batesse nas frestas da cortina – até os synths têm essa cara de dia nascendo, com direito a um beat eletrônico e uma batida feita com as mãos.
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O disco também traz o som do gelo (com direito a teclados que parecem estalactites sonoras) em 5ºC e a sensação do frio e da solidão na contemplativa e decorativa 8ºC. Há certa psicodelia, com direito a sons luminosos como raios de sol na cara em 23ºC, certa sensação de vermelhidão na 15ºC, e na 11ºC, um som de transmissão de TV e rádio que pode causar vertigem nos mais desavisados.
Fechando, 12ºC lembra a sonorização de um aeroporto, com ruídos, apitos, e samples de vozes dando o ritmo, como num samba eletrônico torto – que depois ganha um violão e uma batidinha de reggae, ambos orgânicos, ao contrário da musicalidade eletrônica do álbum. Um disco para quem quer ir bem além de rótulos como ambient music e coisas do tipo.
Nota: 7,5
Gravadora: Ghostly International
Lançamento: 14 de março de 2025